Navegando por Autor "Schneider, Fernanda"
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- ItemAcesso AbertoInterpretação do Espaço Guarani: um estudo de caso no sul da bacia hidrográfica do Rio Forqueta, Rio Grande do Sul, Brasil(2015-04-23) Schneider, Fernanda; Jasper, André; Machado, Neli Teresinha Galarce; http://lattes.cnpq.br/6666207712034183; Machado, Neli Teresinha Galarce; Jasper, André; Stülp, Simone; Santi, Juliana Rossato; Hilbert, Klaus Peter KristianOs estudos acerca das populações Guarani pré-coloniais têm indicado que esses são vinculados aos povos falantes do Tupi-Guarani, com gênese cultural em algum lugar do território amazônico, apresentando ampla dispersão espacial e uma longa duração temporal. Dessa forma, ocuparam uma considerável parcela do território que hoje se configura como Brasil, parte da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai e da Argentina, deixando marcas significativas de sua cultura material e organização social nos territórios passados. Dentre os territórios abarcados, os Guarani ocuparam as planícies florestadas da porção sul da Bacia Hidrográfica do Rio Forqueta, Rio Grande do Sul, Brasil, no início do século XIV. Com vistas a compreender de forma mais detalhada as relações de apropriação espacial dessas populações no contexto supracitado, elaborou-se um estudo de caso no sítio arqueológico RS-T-114, na margem direita do Rio Forqueta, relacionando três perspectivas de compreensão do espaço: a dinâmica temporal; organização dos espaços da aldeia e a apropriação do “espaço verde” da área ocupada. Para a reflexão, articularam-se dados de campo obtidos para o sítio (datas radiocarbônicas, decapagem de um núcleo de solo antropogênico, plotagem de vestígios, análise da cultura material e análise de vestígios botânicos). Como resultado, a primeira perspectiva apresentou uma longa e contínua ocupação do espaço de até 340 anos; a segunda perspectiva demonstrou áreas de atividades distintas, assim como estruturas arqueológicas específicas: estruturas de descarte, estruturas arquitetônicas e estruturas de combustão, indicando intensas relações sociais; e, por fim, a última perspectiva demonstrou a possibilidade de recuperação de microvestígios botânicos, como grãos de amido e fitólitos no contexto do sítio, possibilitando, em conjunto com vestígios carbonizados, uma breve discussão acerca da apropriação de recursos florísticos. Concluiu-se que o sítio apresentou uma longa, contínua e intensa ocupação Guarani. Como explicação para essa dinâmica complexa, sugeriu-se que a apropriação das parcelas florestadas não tenha sido passiva, em uma relação de dependência. Pelo contrário, inferiu-se que houve uma apropriação criativa dessa parcela do espaço, pautada no manejo e na criação de áreas artificiais.
- ItemAcesso AbertoPoder, transformação e permanência: a dinâmica de ocupação Guarani na bacia do Taquari-Antas, Rio Grande do Sul, Brasil(2019-04) Schneider, Fernanda; Machado, Neli Teresinha Galarce; http://lattes.cnpq.br/6666207712034183Esta tese é uma contribuição à história Guarani que se desenvolveu entre ~A.D. 1400-1800 no centro-sul da Bacia do Taquari-Antas, Rio Grande do Sul, Brasil. Os Guarani ocuparam as terras baixas dessa Bacia contemporaneamente aos Jê estabelecidos mais densamente nas terras altas do Planalto das Araucárias. Em ~A.D. 1630, a chegada de missionários jesuítas e bandeirantes ao território Guarani das terras baixas estimulou nova dinâmica histórica. Discutimos esse contexto mantendo como guia de investigação o impacto Guarani sobre os mais antigos habitantes da Bacia, os Jê, bem como os efeitos sociopolíticos desencadeados entre os Guarani a partir da pressão estrangeira. Analisamos essas questões sob uma perspectiva regional e outra local, nesse último caso avaliando dois sítios do Médio Forqueta, o RS-T-114 e o RS-T-132. Os resultados demonstraram que os Guarani ocuparam rapidamente os vales dessa Bacia estabelecendo aldeias em pontos estratégicos e ocasionando, como efeito, a desocupação de aldeias Jê da borda sul do Planalto. Essa primeira fase não foi densa entre os Guarani, mas aldeias bem localizadas, como o RS-T-114, ascendiam socialmente com a inauguração de áreas de festins e rituais. A intensificação da ocupação Guarani passou a ocorrer a partir do ~A.D. 1500, durando mais ou menos até ~A.D. 1630, quando a chegada efetiva dos europeus deu início ao declínio Guarani na região. Durante o processo de desestruturação regional o RS-T-114, manteve-se ocupado permanentemente até ~A.D. 1800, bem como aldeias periféricas que orbitavam esse sítio, como o RS-T-132, foram reocupadas após a saída dos estrangeiros das adjacências. Sugerimos que a intensificação de ocupação em ~A.D. 1500 resultou do crescimento do poder de lideranças já em ascensão frente aos efeitos indiretos do processo colonial. Durante a chegada efetiva dos estrangeiros, enquanto o colapso de muitas aldeias ocorria, o RS-T-114, uma aldeia densa, permanente, com produção de cultivos domesticados consolidada, áreas de festins e rituais, manteve-se politicamente fortalecida, recebendo em seu entorno remanescentes Guarani do processo colonial após ~A.D. 1650. De uma forma geral, sugerimos que o contexto Guarani do Médio Forqueta apresentou uma dinâmica sui generis na Bacia do Taquari-Antas, relacionada a fatores políticos e de prestígio entre as aldeias, mantendo uma permanência de ocupação mais longa do que o esperado, ultrapassando décadas ou até um século o processo colonial.