ERRANÇAR: LEITURAS E ESCRITAS EM ERRÂNCIA. UM PEQUENO GLOSSÁRIO DE CONCEITOS DELIGNYANOS
DOI:
https://doi.org/10.22410/issn.1983-0378.v46i3a2025.4362Palavras-chave:
Zoiar, Cartografia, Fernand Deligny, Corpoescrevente, Vacância de linguagemResumo
O artigo investiga como os conceitos delignyanos de zoiar — gesto de olhar infinitivo, anterior à linguagem — e de cartografia podem operar como chaves teórico-metodológicas para pensar escrita, gesto e experiência no campo da educação e da pesquisa. Como objetivo geral, analisa de que modo a leitura de O Aracniano, de Fernand Deligny, produz uma cartografia da experiência capaz de registrar rastros do corpo-escrevente sem reduzir o vivido às normas da linguagem convencional. Metodologicamente, adota uma abordagem inspirada na cartografia e na transcriação, compondo um mapa vivo da leitura que se elabora no entre do gesto, do traço, da errância e das tentativas — mais próximo de uma escrita-processo que de uma descrição representacional. Os resultados indicam que a aproximação entre zoiar e grafia possibilita captar modos de ver e de estar no mundo que escapam à centralidade do sujeito e à captura linguística, evidenciando a potência expressiva do traço, do silêncio, do desvio e das presenças mínimas. Conclui-se que a escrita em chave delignyana desloca o pesquisador para um lugar de escuta do fora da linguagem, abrindo outras formas de compreender a experiência educativa e de produzir conhecimento, em que o mapa não representa, mas acompanha e faz vibrar o que emerge no acontecimento.
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