COISAS, GESTOS E TRAJETOS DE UMA CLÍNICA EM REDE: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DE FERNAND DELIGNY
DOI:
https://doi.org/10.22410/issn.1983-0378.v46i3a2025.4337Palavras-chave:
pontos de rastreio, clínica em rede, território, Fernand DelignyResumo
Este artigo investiga de que modo a superfície de um lugar pode sustentar práticas de uma clínica em rede, sublinhando a importância de cuidar do espaço – entendido, na terminologia de Fernand Deligny, como território, nó de existências – sobretudo ao acompanhar modos de vida historicamente marginalizados e atravessados por processos de psiquiatrização. A proposta central é fazer ver como se engendra, nas práticas, uma atenção às coisas – objetos, gestos e trajetos – que, em cada lugar, formam repères (pontos de rastreio) entrelaçados, capazes de sustentar os corpos no espaço. Nessa perspectiva, realiza-se um sobrevoo por certos conceitos de Deligny que permitem pensar com as situações, sem a pretensão de explicá-las. Como metodologia de pesquisa, o estudo entrecruza algumas cenas descritas por aqueles que conviveram com crianças autistas nas aires de séjour (áreas de convivência) das Cévennes e duas narrativas contemporâneas, escritas em contextos distintos: uma em uma instituição de acolhimento de crianças e adolescentes e outra em um serviço de atenção psicossocial. Pensar com Deligny contribui, assim, para a construção de uma clínica que tensiona continuamente tanto a lógica moderna da doença mental quanto a lógica atual do transtorno, abrindo espaço para uma escuta dos trajetos e, especialmente, para a possibilidade de percorrê-los em conjunto.
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