NOTAS PARA UMA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS NO INSTITUTO NOSSA SENHORA DO BRASIL (BRASÍLIA, 1970-1981)

Resumo

O artigo reúne algumas notas para uma história da educação de surdos no Instituto Nossa Senhora do Brasil (INOSEB), em Brasília, entre os anos 1970 e 1981. Objetiva lançar luz sobre sujeitos educacionais ainda pouco visibilizados na historiografia educacional: as educadoras de surdos da capital federal e as práticas educativas que destinaram à comunidade surda local. A pesquisa documental toma por fonte histórica um livro de Atas da Instituição. Inicialmente, coloca a atenção nas educadoras do INOSEB – as Irmãs Calvarianas – e o significado do trabalho educativo feminino que desempenhavam. Em seguida, o foco recai sobre algumas práticas educativas de que lançavam mão no seu fazer pedagógico com os surdos. Sobre as educadoras, foi possível observar que, num contexto favorável à atuação social feminina – o da implantação da Nova Capital – as Calvarianas, a exemplo de outras mulheres da época, construíram um espaço para sua atuação enquanto religiosas e educadoras, materializado na implantação do Instituto Nossa Senhora do Brasil, em Brasília. Quanto às práticas educativas de que se valiam no trabalho pedagógico do Instituto, identificamos que elas giravam em torno da pedagogia oralista. Fosse por meio de práticas como o treinamento rítmico corporal e musical, motricidade geral (recortes, colagem, exercícios de linha), desenvolvimento visual e terapia ocupacional, o grande objetivo era levar os surdos a desenvolverem sua oralidade. Embora hoje essa concepção seja rechaçada, era muito valorizada naquela época, o que atesta que o INOSEB estava alinhado ao que de mais atual se dispunha naquele momento em matéria de educação de surdos.