INFÂNCIA, DE GRACILIANO RAMOS: A TRAVESSIA DAS LETRAS
DOI:
https://doi.org/10.22410/issn.1983-0378.v45i1a2024.3560Palavras-chave:
Infância, Graciliano Ramos, alfabetização, passagem do horror ao amor pelas letrasResumo
Infância, o livro de memórias, justamente, da infância de Graciliano Ramos, consiste no relato de uma trajetória infantil (dos 2 ou 3 aos 11 anos de idade) marcada por experiências extremamente dolorosas, que deixaram cicatrizes profundas no adulto que o menino se formou. Essa é uma visão consensual da crítica sobre o livro. Alguns críticos têm apontado, também, formas de superação, ainda que relativa, encontradas pela criança para sobreviver à hostilidade do meio – entre elas, a leitura de textos literários. Entretanto, como as demais, a experiência de alfabetização e letramento foi extremamente penosa para o menino, que, embotado em suas faculdades cognitivas pelo medo e muito pouco (ou nada) auxiliado pelos mestres e pelo tipo de material didático utilizado no processo, não aprendia. A pergunta que advém daí é a seguinte: como o menino teria feito a passagem do horror ao amor pelos livros? Foi para essa pergunta que este trabalho buscou encontrar respostas. A pesquisa empreendida conseguiu identificar momentos na trajetória do personagem que indicam como havia nele, desde muito cedo, uma certa disposição íntima que o tornou sensível ao mundo da linguagem e da ficção. Constatou-se, além disso, que um acontecimento específico atuou fortemente em favor da ressignificação do aprendizado das letras pelo menino. O acontecimento transformador, embora prosaico e aparentemente insignificante, foi identificado no capítulo “Os astrônomos”. Uma “pergunta espantosa” de sua prima permitiu ao menino passar a enxergar no domínio da leitura não mais uma imposição do mais forte, mas um instrumento de libertação do mais fraco.
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