Nascido em Montevidéu, em 1874, o artista uruguaio Joaquín Torres García mudou-se ainda jovem para a Europa onde formou-se artista e onde pôde experimentar o estranhamento e a ambiguidade de ter de assumir uma tradição artística que não era sua. De volta ao Uruguai, Torres García passou a defender a ideia de que a arte sul-americana não deveria se submeter aos preceitos estéticos da arte europeia e que poderia constituir sua identidade pelo resgate da abstração ameríndia.
Em 1943, a fim de ilustrar um de seus artigos, Torres García desenhou America invertida, que, de certa forma, representa o conjunto de ideias que o artista defendeu ao longo de sua vida, em especial, a possibilidade de se constituir uma produção cultural genuinamente sul-americana.
Sua obra, que pode ser conhecida no Museo Torres García, em Montevidéu, tinha o propósito de reintegrar as tradições da América do Sul e superar o comportamento inautêntico produzido pela colonização.
É por isso, que o VIII Diálogos na Contemporaneidade homenageia e toma emprestado o desenho do artista para servir de inspiração à problematização de vozes, territórios e existências, de modo a se constituir um espaço para a discussão do pensamento decolonial.
Nas palavras de Torres García, “nosso norte é o sul”.