Matérias estranhas em alimentos
Luana Elisa ForneckAs matérias estranhas presentes nos alimentos ganham cada vez mais destaque quando nos referimos à saúde do consumidor e à aceitabilidade do produto no momento da compra. O alimento normalmente apresentará uma aparência normal na prateleira, especialmente produtos triturados ou moídos, mas podem conter sujidades imperceptíveis ao consumidor. A presença de ácaros no alimento pode desencadear processos alérgicos.Pelos de roedores e fragmentos de insetos podem ser vetores de doenças.
Segundo a Association of Official of Analytical Chemists - AOAC International, a matéria estranha pode ser qualquer partícula associada ao produto que torne as condições e práticas de produção, armazenamento e distribuição questionáveis. Pode ser orgânica ou inorgânica, viva ou inerte, prejudicial ou não, como areia, pedra, vidro, ferrugem, roedores, insetos, aves.
Em 2014 entrou em vigor uma nova legislação que trata dos contaminantes não pertencentes ao alimento, abrangendo a matéria-prima, ingredientes, aditivos e coadjuvantes, embalados ou a granel. Esta legislação é a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC no 14, de 28 de março de 2014. Seu objetivo é estabelecer as disposições gerais para avaliar a presença de matérias estranhas macroscópicas e microscópicas, indicativas de risco à saúde humana e/ou as indicativas de falhas na aplicação das boas práticas na cadeia produtiva de alimentos e bebidas, e fixar seus limites de tolerância.
Utilizando essa legislação, as indústrias fazem um controle rotineiro de seus produtos, verificando a qualidade de sua matéria-prima e do produto final, para a liberação de lotes para comercialização, garantindo que situações que possam causar constrangimento com consumidores sejam evitadas e assegurando a qualidade em seus produtos.
A detecção da presença de matérias estranhas, macroscópicas e/ou microscópicas, poderá indicar pontos críticos na cadeia produtiva, nos quais falhas na aplicação das boas práticas podem estar acontecendo, acarretando em risco à saúde humana. Portanto, a pesquisa dessas sujidades é de suma importância para garantir as condições de higiene de todo o processamento do alimento, bem como um controle da saúde dos consumidores.
Referências:
BARBIERI, Margarida K.; ATHIÉ, Ivânia.; DE PAULA, Dalmo C.; CARDOZO, Gina M. B. Q. Microscopia em alimentos - Identificação histológica e material estranho. 2. ed. Campinas, SP: CIAL/ITAL, 2001.
BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC no 14, de 28 de março de 2014. Dispõe sobre matérias estranhas macroscópicas e microscópicas em alimentos e bebidas, seus limites de tolerância e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/legislacao-1/biblioteca-de-normas-vinhos-e-bebidas/resolucao-rdc-no-14-de-28-de-marco-de-2014.pdf/view. Acesso em: 14 jun. 2021.
OFFICIAL METHODS OF ANALYSIS OF AOAC INTERNACIONAL. In: AOAC Official Method 945.75 A (16.1.01). Extraneous Materials (Foreign Matter) in Products - Isolation Techniques. Disponível em: http://www.eoma.aoac.org/gateway/readFile.asp?id=945_75.pdf Acesso em: 14 jun. 2021.