Cooperação internacional aproxima Univates da Universidade Técnica de Viena em experiência do programa COLABI
Postado as 13/11/2025 10:51:19
Por Lucas George Wendt
O Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Taquari – Univates, em outubro de 2025, realizou uma experiência de cooperação acadêmica com a Universidade Técnica de Viena (Technische Universität Wien – TU Wien). A atividade fez parte da temporada Brasil–Áustria, vinculada ao programa COLABI (Collaborative Laboratory for Internationalization), desenvolvido dentro da iniciativa institucional Aula+ Univates.
A proposta nasceu em 2024, quando foram estabelecidos os primeiros contatos entre o Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da Univates e o Instituto de Urban Design, Landscape Architecture and Design da TU Wien. A aproximação teve origem na discussão sobre as áreas atingidas pelas enchentes históricas que impactaram o Vale do Taquari entre 2023 e 2024, um tema que também ressoava na realidade austríaca, que enfrentava eventos climáticos semelhantes naquele período.
A partir dessa conexão, os professores Markus Tomaselli e Katharina Kirsch Soriano da Silva, da TU Wien, e a professora Jamile Weizenmann, da Univates, iniciaram o planejamento de uma experiência colaborativa entre as instituições. O projeto passou a integrar componentes curriculares das duas universidades, Design Studio (Housing Dignity), na TU Wien, e Atelier Morar Social, na Univates, e se consolidou como uma iniciativa interdisciplinar, intercultural e multilíngue dedicada a repensar a moradia digna em contextos urbanos vulneráveis.
Um semestre de trabalho conjunto e encontros virtuais semanais
O trabalho teve início ainda no primeiro semestre de 2025, com reuniões virtuais semanais entre estudantes brasileiros e austríacos, que, apesar do fuso horário e da distância, formaram um único grupo de projeto. A proposta central era o desenvolvimento de soluções de habitação social para um terreno localizado no bairro Igrejinha, em Lajeado (RS), com foco em sustentabilidade, equidade e adaptação às mudanças climáticas.
As discussões ocorreram em língua inglesa, e para os participantes que não dominavam o idioma, foram utilizados recursos de tradução simultânea do Google Meet, garantindo a compreensão de todos e estimulando o aprendizado linguístico em um ambiente real de cooperação internacional. As equipes utilizaram plataformas colaborativas como Canva e Miro para a elaboração de pranchas, croquis e esquemas conceituais compartilhados.
Segundo a professora Jamile Weizenmann, a experiência foi um exercício de empatia, técnica e intercâmbio cultural. “Mais do que projetar edifícios, o objetivo foi pensar soluções urbanas resilientes, capazes de responder às necessidades humanas diante das transformações climáticas que estamos vivendo. Essa vivência também mostrou aos estudantes que a arquitetura pode ser um instrumento de solidariedade e conexão global.”
Os professores da TU Wien apresentaram aos participantes exemplos históricos e contemporâneos da política habitacional austríaca, especialmente da cidade de Viena, reconhecida mundialmente por sua tradição em habitação pública de alta qualidade urbana e social. Em contrapartida, os alunos brasileiros compartilharam os desafios da realidade regional do Vale do Taquari, marcada por eventos climáticos extremos e déficit habitacional agravado.
Imersão presencial em Viena: conferências, oficinas e visitas técnicas
Entre os dias 4 e 13 de outubro de 2025, uma comitiva formada pela professora Jamile Weizenmann e três estudantes da Univates, Ana Huppes Bruxel, Julia Scheibler e Emanuela Bagnara, realizou uma viagem de estudos à Áustria, consolidando o intercâmbio iniciado de forma virtual. A atividade, parte integrante do COLABI, totalizou 30 horas de imersão em oficinas, palestras e visitas técnicas.
Durante o período, os participantes conheceram projetos emblemáticos da arquitetura vienense, como o conjunto habitacional Karl Marx Hof, símbolo do movimento “Red Vienna” (Viena Vermelha), e o Werkbundsiedlung, experimento modernista da década de 1930. Também visitaram projetos urbanos contemporâneos, como a requalificação do bairro Ottakring e o ambicioso empreendimento Seestadt Aspern, considerado um dos maiores projetos de desenvolvimento urbano da Europa, que deverá abrigar cerca de 30 mil habitantes quando concluído.
Sobre a experiência, Jamile destaca que “em Viena, percebemos o cuidado com as pessoas que orienta cada decisão de projeto. A infraestrutura urbana chega antes das edificações; as áreas verdes são planejadas desde o início; e diferentes escritórios de arquitetura trabalham sob diretrizes comuns, garantindo diversidade estética e unidade urbana. Tivemos a oportunidade de conhecer obras de referência mundial, como o complexo residencial projetado pelos escritórios Berger+Parkkinen Architects e Querkraft Architects, que exemplifica a inovação em habitação social.”
A docente também foi convidada a ministrar uma conferência na TU Wien, intitulada “The City and the Water” (“A Cidade e a Água”), na qual apresentou o cenário das cheias no sul do Brasil e as ações realizadas pela Univates na reconstrução e documentação das áreas afetadas. A estudante Emanuela Bagnara também participou como palestrante, apresentando os resultados do projeto desenvolvido em grupo.
Encontro com alunos de Viena
Divulgação/Univates
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Divulgação/Univates
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Arquitetura e cultura
A agenda em Viena incluiu ainda uma atividade singular de integração social: a Community Cooking, realizada na antiga fábrica de pão Brotfabrik Wien, atual sede da Caritas Viena. O evento reúne semanalmente pessoas de diferentes países e classes sociais para cozinhar e compartilhar refeições. “Foi uma vivência humana e cultural que reforçou a ideia de que arquitetura também se faz na convivência e no encontro entre pessoas”, comenta Jamile.
A viagem também contemplou visitas à Bienal de Arquitetura de Veneza, cujo tema em 2025 abordava mudanças climáticas, soluções sustentáveis e comportamento humano frente à natureza. O grupo ainda percorreu cidades históricas e contemporâneas da Europa Central, como Hallstatt, Innsbruck, Verona e Budapeste, ampliando o repertório arquitetônico e cultural das participantes.
Em Innsbruck, o grupo encontrou a egressa do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Vitória Krey, que atualmente reside na cidade e acompanhou as visitas técnicas a edifícios e espaços urbanos de interesse.
Um aprendizado que atravessa fronteiras
Os estudantes destacaram que a experiência foi marcante tanto no aspecto pessoal quanto acadêmico. Para Ana Huppes Bruxel, a viagem permitiu compreender como a arquitetura pode refletir valores e modos de vida distintos. “Conhecer três países com culturas tão diferentes me fez perceber como cada lugar expressa sua identidade por meio da forma de viver, planejar e construir. Viena foi o que mais me impressionou, pela arquitetura voltada à qualidade de vida e à valorização dos espaços urbanos, com habitações sociais bem estruturadas e funcionais.”
A aluna Julia Scheibler reforça o impacto transformador da imersão. “Ter a oportunidade de conhecer de perto Viena e estudar suas habitações sociais ampliou minha visão sobre o papel do arquiteto na construção de cidades mais humanas e sustentáveis. A visita à Bienal de Veneza foi inspiradora, com soluções ecológicas aplicadas em diferentes contextos. Viajar e estudar fora do país me fez entender a arquitetura como uma linguagem global que se adapta à história, ao clima e ao modo de vida de cada sociedade.”
Já Emanuela Bagnara, que participou das atividades em Viena e também apresentou trabalho ao público austríaco, destacou o impacto emocional e intelectual da jornada. “Vivenciar uma mobilidade acadêmica de curta duração na Europa é descobrir novas possibilidades, outro ambiente, outra cultura e outra forma de pensar. Os dias na Áustria mostraram que é possível fazer das pessoas o centro das cidades; já os dias na Itália foram um mergulho no passado, com olhos voltados para um futuro sustentável. Os aprendizados foram inúmeros, mas o que fica é o desejo de fazer mais e fazer melhor.”
Experiência compartilhada e intercultural
Do outro lado do Atlântico, os estudantes austríacos também destacaram a importância da parceria. A estudante Katharina, da TU Wien, afirmou. “Colaborar com os estudantes da universidade parceira brasileira foi uma experiência extremamente enriquecedora. Pude expandir não só meu conhecimento arquitetônico, mas também minha perspectiva sobre o design e a construção. Foi fascinante perceber como a arquitetura no Brasil responde às condições locais, ao clima e aos materiais, e como é profundamente conectada à natureza e ao ambiente social. Essa vivência me fez entender a importância de valorizar o contexto e o território na arquitetura.”
O professor Markus Tomaselli, da TU Wien, destacou o valor da cooperação entre as instituições“Desde as enchentes catastróficas no sul do Brasil, que coincidiram com eventos semelhantes na Áustria, temos mantido um contato próximo com a Univates. Durante a visita da professora Jamile e das estudantes a Viena, pudemos discutir nossas experiências sobre reconstrução urbana e habitação social, contextualizadas na história centenária da cidade de Viena. Visitamos marcos como o Karl Marx Hof e o Werkbundsiedlung e desenvolvemos muitas ideias para futuras colaborações. Estamos muito felizes com essa parceria e ansiosos pelos próximos passos.”
A internacionalização como eixo estratégico da Univates
Para a gestora do Escritório de Relações Internacionais da Univates, Viviane Bischoff, a experiência consolida o avanço da internacionalização institucional.“A vivência internacional da Arquitetura foi transformadora, tanto para a professora e os estudantes quanto para a Univates. Mais do que um intercâmbio acadêmico, foi um encontro de culturas e ideias. Os participantes trazem de volta aprendizados, inspirações e conexões que fortalecem o espírito de inovação e colaboração global da nossa comunidade acadêmica. Essa experiência simboliza o compromisso da Univates com uma educação que ultrapassa fronteiras e transforma pessoas, projetos e futuros.”
O vínculo entre as universidades continuará ativo em 2026, quando o professor Markus Tomaselli deve vir ao Brasil entre fevereiro e maio, para ministrar atividades na Univates e aprofundar as ações conjuntas iniciadas pelo COLABI.
A experiência entre a Univates e a TU Wien exemplifica o propósito do COLABI, um programa que promove aprendizagem colaborativa entre instituições internacionais por meio de desafios reais, integrando estudantes e docentes em torno de temas globais como habitação, sustentabilidade, urbanismo e justiça social.
Mais do que uma viagem ou um semestre de estudos, o projeto se configurou como um laboratório de empatia, interculturalidade e inovação. Em cada encontro, seja nas telas das videoconferências ou nas ruas de Viena, os estudantes experimentaram na prática o que significa projetar com o mundo e para o mundo.
Como resume Jamile Weizenmann, “o COLABI é sobre criar pontes. Pontes entre países, ideias, e sobretudo, entre pessoas. Quando nossos estudantes compreendem que os desafios que enfrentamos no Vale do Taquari também dialogam com as realidades europeias, entendem que a arquitetura é uma linguagem universal de cuidado, solidariedade e transformação.”
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