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Ana Amélia Ritt

Convênio da Univates com Instituto Politécnico de Macau forma o primeiro grupo de estudantes de Licenciatura em Chinês para Estrangeiros

Postado as 30/07/2020 11:50:44

Por Lucas George Wendt

Felipe Hillebrand Heberle, Daniel de Souza Dutra, Bruna Inês Sebastiany e Genaro Toreti embarcaram para Macau em 2016. Eles viveram três anos em Macau e um ano (o terceiro) em Pequim, na China. Os quatro integram a primeira turma da Universidade do Vale do Taquari - Univates que se gradua no curso de Licenciatura em Chinês para Estrangeiros por meio de convênio da Instituição com o Instituto Politécnico de Macau (IPM). Bruna é de Cruzeiro do Sul e Felipe é de Estrela. Eles permanecerão em Macau, assim como Daniel, que é natural de Encantado. Genaro, de Teutônia, ficará no Vale. 

Diferentes aspirações dos quatro convergiram para o mesmo ponto decisivo na vida de cada um: residir no Extremo Oriente durante quatro anos para aprender mandarim com o objetivo de ensinar o idioma. Durante o período, além dos estudos, eles viveram uma imersão em outro ritmo de vida. Macau é uma cidade com forte influência ocidental por ter sido ocupada por portugueses. Morar lá deu aos estudantes a oportunidade de experimentar ao mesmo tempo duas culturas: chinesa e européia. 

A diretora de Relações Internacionais da Univates Viviane Bischoff explica que a Universidade iniciou sua relação com a Instituição de Macau por meio do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), de Portugal. A mobilidade acadêmica da Univates para Macau se dá com intercâmbio regular de professores, estudantes e pelo convênio para o curso do qual os quatro licenciados em Chinês para Estrangeiros participaram. 

Viviane explica que, durante o processo, a Universidade manteve contato com os estudantes da região no IPM. “Com a conclusão da graduação a Univates e a região ganham embaixadores no mundo. Isso vale para os que optam por não voltar e pelos que voltam. Aqui na região, por exemplo, precisamos de pessoas com outros vínculos e outras visões de mundo”, diz. Em relação especificamente ao convênio com Macau, a aproximação com a China e com o mercado econômico chinês tornam as relações internacionais com essas áreas, estratégicas para o Brasil. “Esses profissionais vêm aqui para agregar às nossas empresas e à região”, complementa a diretora. 

Além dos quatro diplomados, outros 11 estudantes estão em Macau por meio do vínculo da Univates com o IPM. Mais quatro novos estudantes embarcam em breve, em agosto. 

Divulgação

Felipe é de Estrela

Felipe Hillebrand Heberle

Felipe vai permanecer no exterior durante mais tempo. Ele conta que sempre pensou em morar fora do Brasil. “Quando a Univates anunciou o edital para Macau logo me inscrevi e falei com meus pais.” Durante a estada em Macau, além da rotina intensa de estudos, ele aproveitou as férias para viajar. Conheceu todo o Sudeste Asiático: Tailândia, Indonésia, Filipinas, Malásia, Vietnã, Hong Kong, Camboja, além de várias cidades da China e de Portugal. No começo ele relata ter sentido saudade de casa e dos amigos, mas a adaptação não exigiu muito. Com a conclusão do curso de Licenciatura pelo convênio da Univates com o IPM, novas possibilidades surgem. E Felipe aproveitou uma delas. “Vou fazer um mestrado agora em outra universidade”, diz. Vão ser mais dois anos na região. Ele também está trabalhando. “Após o mestrado minha ideia é ficar aqui e trabalhar integralmente, quero fazer minha vida aqui e, quem sabe, no futuro, ir morar em outro país”, revela. Felipe descreve os últimos quatro anos como engrandecedores. “É uma experiência de vida. Lembro como se fosse ontem de ver Macau pela primeira vez com o brilho nos olhos e me apaixonar por essa cidade, a mesma onde quero e vou construir meu futuro como pessoa e profissional”, projeta. 

Daniel de Souza Dutra

Daniel comenta que vivia uma vida estabilizada na região quando decidiu se inscrever para o curso em Macau. “Já estava formado em História, e trabalhava em escolas públicas e em uma da rede privada no Vale do Taquari”. Para ele, morar fora não era uma pretensão até conhecer o edital da Univates para Macau. Ele conta que tomou a decisão de ir depois de pesquisar muito  sobre as possibilidades profissionais que o curso ofereceria. “Nesses quatro anos não fui para o Brasil nenhuma vez, apenas fiz viagens dentro da China, preferindo viagens para as regiões onde viviam os grupos étnicos minoritários. Aprendi muito nessas viagens”. Daniel relata que o aprendizado da língua representou um desafio. “Depois de quatro anos estudando, tenho um nível bom de mandarim. Inclusive tive a oportunidade de conhecer e me apresentar ao presidente da China, Xi Jinping, no aniversário de devolução de Macau à China, em dezembro de 2019”, relembra ele. 

Na ocasião Daniel conta que o presidente ressaltou que são poucos os brasileiros capazes de falar mandarim. Macau é uma cidade com diversos atrativos culturais. Dessa pujança o estudante relata sentir falta nesse período pós-pandêmico que a região vive. “Estou em processo de contratação por uma escola internacional na China. Está tudo muito bem encaminhado, acredito que vai dar tudo certo e em breve começarei minha vida profissional lá”, revela ele. Depois de quatro anos estudando, para ele, receber a permissão de residência seria a maior recompensa que poderia esperar. “Morar na Ásia provoca mudanças muito grandes, pois a mentalidade, o modo de vida, as relações entre as pessoas aqui são muito diferentes. Ao olhar para trás, para esses quatro últimos anos sinto que minha visão de mundo se ampliou muito”, finaliza.

Divulgação

Genaro é de Teutônia

Genaro Toreti

Para Genaro tudo mudou depois da disciplina de Vivência Internacional, no curso de Relações Internacionais (RI) da Univates, quando ele teve a sua primeira experiência fora do Brasil. “A partir dali tive a certeza de que precisava passar um período no exterior”. Quando decidiu ir para Macau ele estava terminando a graduação em RI na Univates. “O timing foi perfeito e pude terminar um curso e já iniciar outro, sem deixar nada para trás”. Em relação às dificuldades encontradas durante o processo, Genaro destaca o idioma. “Exige muito, mentalmente e fisicamente — horas e horas de estudo diário. Normalmente se imagina que a culinária ou a cultura seriam grandes desafios, mas não no meu caso. A adaptação à realidade local foi realmente tranquila e hoje já estou sentindo falta de alguns pratos chineses”, diz ele, que está em Teutônia novamente. 

“O nosso dia a dia, basicamente, girava em torno da universidade. Tínhamos aulas todos os dias, manhãs e tardes. Em casa, muitos temas de casa e preparação para a aula do dia seguinte”. Genaro pretende desenvolver-se profissionalmente no Vale do Taquari. A formação em mandarim e em Relações Internacionais podem ser diferenciais. “O período que morei na Ásia foi, sem dúvida, um divisor de águas na minha vida”. Ele lembra da primeira vez que visitou Hong Kong. “Lá, peguei um ônibus de turismo para conhecer a cidade, e ele tinha áudio em chinês com explicações sobre os lugares que visitávamos. Estar naquela cidade, entendendo as explicações em chinês, vivendo tudo aquilo, foi um momento bem bacana, no qual pude perceber onde tinha chegado e tudo o que eu já havia feito. Foi um momento onde tive orgulho de mim mesmo”, diz.

Divulgação

Felipe e Bruna com os diplomas de conclusão de curso

Bruna Sebastiany

“No semestre antes de vir, eu tinha feito um intercâmbio pro Canadá, e quando eu voltei eu percebi que eu queria viajar e conhecer outras culturas”, diz Bruna. A estudante recorda que falava sobre isso com paixão e de forma sonhadora. Esse foi o fundamento sobre o qual tomou a decisão de se inscrever no programa. De lá pra cá, ela voltou para o Brasil apenas uma vez em 2018. Aprender o idioma e escrever o trabalho de conclusão de curso em mandarim são os fatos que Bruna destaca como os maiores desafios na jornada. “Acho que a cultura chinesa foi muito fácil de se acostumar. No começo, achamos estranho alguns costumes das pessoas mas agora já nos acostumamos”, observa. No início a culinária local apresentou particularidades para ela que, hoje, revela gostar muito da gastronomia tradicional chinesa. “O meu projeto pós-formatura é ser professora aqui em Macau ou em Hong Kong. É uma profissão muito valorizada aqui”, diz. “Vou voltar para o Brasil apenas para passear, mas espero que eu consiga visitar pelo menos uma vez por ano”. 

Divulgação/IPM

Macau e o IPM

Macau é um território no sul da China continental. Foi colonizada e administrada por Portugal durante mais de 400 anos. Atualmente tem população de cerca de 640 mil pessoas. É considerada o primeiro entreposto e a última colônia europeia na Ásia. Como Hong Kong, foi incorporada como uma das regiões administrativas especiais da República Popular da China, desde 20 de dezembro de 1999. As línguas oficiais em Macau são o chinês e o português. Fundado em 16 de setembro de 1991, o Instituto Politécnico de Macau (IPM) é uma instituição pública de ensino superior que privilegia o ensino multidisciplinar e o conhecimento aplicado. Além da instituição a Univates tem convênio com a City University of Macau e Macau University of Science and Technology. 

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