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Pesquisadora da Univates realiza estudo inédito sobre educação ambiental

Postado as 02/04/2019 08:35:52

Por Natália Bottoni

Natália Bottoni

O programa Cultivando Água Boa (CAB), da Bacia Hidrográfica Paraná III, foi considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “a melhor prática de gestão dos recursos hídricos” do mundo em 2015. O modelo chamou a atenção da pesquisadora Luzia Klunk, que investigou o tema em sua tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.

O trabalho está vinculado ao grupo de pesquisa Comunicação, Educação Ambiental e Intervenções (Ceami) da Instituição. Já com o estudo finalizado, o objetivo é aplicar o conceito nos municípios do G8 (Boqueirão do Leão, Canudos do Vale, Cruzeiro do Sul, Forquetinha, Marques de Souza, Progresso, Santa Clara do Sul e Sério).

A pesquisa iniciou em 2015, conforme lembra Luzia. “Ainda no mestrado, na minha dissertação, investiguei o direito ambiental e analisei os Termos de Ajustamento de Conduta da Promotoria de Justiça de Lajeado. Concluí que os procedimentos administrativos e judiciais instaurados pela prática de dano ambiental não geram educação ambiental. Por isso, decidi estudar em qual contexto ela se estabelece”, explica.

No Brasil há uma política pública de educação ambiental, e a usina Itaipu Binacional, situada na Bacia Hidrográfica Paraná III, é a que melhor a coloca em prática no País. “Eu me questionei o que eles faziam para o sistema funcionar tão bem. Decidi dedicar minha pesquisa a isso, para posteriormente viabilizar a sua multiplicação na região”, conta.

A pesquisa

O CAB tem vários projetos em andamento, mas Luzia analisou o Programa de Formação de Educadores Ambientais (Profea). O estudo tem viés qualitativo e é de campo, por isso ela visitou a usina de Itaipu com as orientadoras do trabalho, Dra. Jane Márcia Mazzarino e Dra. Luciana Turatti. “Fomos nos encontros anuais organizados pelo programa e eu entrevistei educadores ambientais, organizadores do projeto e pessoas que moram ao redor do local para compreender a interação da comunidade com a proposta”, relata a aluna.

Com o problema de pesquisa “De que forma o processo de educação ambiental, que coloca a política pública em prática, está gerando governança comunitária das águas, ou seja, uma gestão das águas que passa mais pelo comunitário do que pelas autoridades internacionais?”, Luzia analisou a história de vida das pessoas que já se envolveram com o programa realizando entrevistas e pesquisando o histórico de seu engajamento em processos de educação ambiental.

As análises foram organizadas em dois eixos: da interação, que avaliou a participação ativa das pessoas e a troca de saberes, e da construção, no qual foram abordados aspectos relacionados à formação coletiva e dos sujeitos.

Luzia explica que a governança ambiental comunitária é um processo de construção de cidadania e sustentabilidade local, que se realiza a partir de um programa socioambiental e envolve sujeitos ecológicos em interação com diversos setores e segmentos. No caso estudado, o processo tem como marcas mais evidentes a participação das pessoas e as trocas de saberes.

O estudo apontou que um dos obstáculos existentes é a comunicação entre as pessoas envolvidas no programa e o público externo. Nas entrevistas, notou-se a falta de informação sobre o projeto por parte dos moradores dos municípios envolvidos no CAB, apesar de ele ser reconhecido mundialmente pela ONU. Há poucas pesquisas publicadas sobre o CAB, por isso o estudo é inédito.

Internacionalização

Elise Bozzetto


Para ampliar as pesquisas, entre outubro de 2017 e fevereiro de 2018 Luzia esteve em Portugal fazendo doutorado sanduíche na Universidade de Lisboa, com a orientação da professora Dra. Luísa Schmidt. No período, a pesquisadora fez levantamento bibliográfico sobre o conceito de educação ambiental. Além disso, aprendeu sobre a legislação portuguesa nessa área e foi a campo conhecer o Projeto Rios, que apresenta grande inserção na comunidade. “As pessoas ajudam a fazer a verificação das características culturais e de biodiversidade de trechos dos rios e da qualidade da água”, explica.

Doutorado-sanduíche contribui para a formação de pesquisadores e internacionalização da pesquisa

Próximos passos

A partir do conhecimento gerado, o grupo de pesquisa Ceami, pertencente ao PPGAD da Univates, vai desenvolver uma ação de educação ambiental sobre resíduos nos municípios do G8. “Vamos replicar a metodologia que está prevista como política pública e que foi investigada no PPGAD”, afirma a coordenadora do grupo, professora Jane. O objetivo da parceria com o G8 é contribuir para o desenvolvimento regional, conforme um dos princípios da Univates, que é uma universidade comunitária.

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