Uma pesquisa inovadora sobre o ensino de astronomia observacional e pensamento espacial foi apresentada no XX Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, realizado em 2024. O estudo, intitulado “Análise de uma Sequência de Ensino Investigativo sobre a formação das sombras: integrando pensamento espacial e astronomia observacional”, teve como objetivo analisar as contribuições de uma Sequência de Ensino Investigativo (SEI) aplicada a alunos do 5º ano do Ensino Fundamental.
A pesquisa foi conduzida por Sônia Elisa Marchi Gonzatti, Mariângela Barbon, Márcia Jussara Hepp Rehfeldt, Marli Teresinha Quartieri e Ieda Maria Giongo, todas vinculadas à Universidade do Vale do Taquari - Univates, com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) (Edital ProEdu). O estudo destaca a importância da investigação no ensino de ciências e como ela pode favorecer a compreensão de conceitos científicos pelos estudantes.
A importância do ensino investigativo
O ensino por investigação tem se consolidado como uma abordagem pedagógica eficaz para o ensino de ciências. Essa metodologia propõe a resolução de problemas reais por meio da formulação de hipóteses, observação e experimentação. No caso do estudo apresentado, os alunos foram desafiados a compreender como as sombras são formadas e como variam ao longo do dia em função do movimento aparente do Sol.
As pesquisadoras analisaram a interação dos alunos com o problema proposto, suas dificuldades e as aprendizagens mais relevantes adquiridas durante a atividade. A pesquisa indicou que os alunos demonstraram grande interesse pelo tema e relataram um aumento no entendimento sobre astronomia e pensamento espacial.
Metodologia e resultados
A pesquisa envolveu três turmas do 5º ano do Ensino Fundamental, totalizando 50 estudantes de uma escola pública municipal do Rio Grande do Sul. Durante a SEI, os alunos foram convidados a formular hipóteses sobre a formação das sombras e a registrá-las em seus cadernos. Posteriormente, utilizaram palitos de churrasco e cartolinas para representar a projeção das sombras em diferentes horários do dia.
Entre as principais dificuldades relatadas pelos estudantes estavam a representação espacial das sombras em diferentes horários e a orientação espacial dentro da sala de aula. Para ajudar nesse processo, as pesquisadoras utilizaram lanternas de celular para simular o movimento do Sol e facilitar a compreensão.
Os resultados apontaram que os alunos compreenderam o conceito de movimento aparente do Sol e a relação entre a posição do astro e o tamanho das sombras projetadas. Além disso, demonstraram entusiasmo e motivação durante a atividade, o que ressalta a eficácia do ensino investigativo para o aprendizado de conceitos científicos complexos.
Impacto e relevância
A pesquisa destaca a necessidade de integrar o ensino de astronomia e o pensamento espacial nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Tradicionalmente, esses temas são subexplorados nessa fase escolar, apesar de sua relevância para o desenvolvimento do raciocínio lógico e da compreensão sobre o mundo natural.
As autoras do estudo enfatizam que atividades como essa contribuem para o desenvolvimento de habilidades científicas fundamentais, como observação, formulação de hipóteses, argumentação e discussão de ideias. O envolvimento ativo dos alunos no processo de aprendizagem também favorece a retenção do conhecimento e a construção de conceitos de maneira mais significativa.
