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Saúde

“Fiquei mais leve e consegui ver um caminho pela frente”

Por Nicole Morás

Postado em 23/07/2019 13:36:53


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Dona de casa em Lajeado, com 57 anos, Leiani Eni Persch viu sua vida mudar com um olhar. Foi um olhar mais humano e integral para a paciente que a fez enxergar novas possibilidades de vida. Ela chegou ao Centro Clínico Univates em 2016, pouco depois do início das atividades do Ambulatório de Especialidades Médicas, após sofrer um derrame.

Na primeira consulta com o cardiologista, por meio do olhar integral da equipe de saúde foi possível perceber que a atenção que Leiani precisava ia além de cuidados médicos. “Tenho o coração grande e lento e foi preciso trocar a medicação”, lembra ela. Na ocasião, o cardiologista conduziu a paciente até a sala da assistente social e disse que ela precisava de uma escuta qualificada, pois a dona de casa tinha problemas de ordem emocional que estavam afetando sua saúde. Foi então que ela começou a frequentar a nutricionista mensalmente, a realizar exames de acompanhamento e a participar do grupo Vivendo e Convivendo.

Nicole Morás

A assistente social do Centro Clínico Univates, Tânia Pauli, lembra que Leiani chegou para o tratamento bastante chorosa, sem vaidade, sem perspectiva de vida e isolada da sociedade. “Após o grupo ela foi se transformando em outra pessoa. Agora cuida do cabelo, usa batom e protetor solar, vai à praia com o grupo de amigas, participa do clube de mães e fez curso de patchwork. Ela foi criando vínculos com os outros participantes do grupo”, explica a profissional.

Foram esses encontros em grupo que fizeram Leiani levantar a cabeça e seguir em frente. “A cabeça muda para melhor, fiquei mais leve, consegui ver um caminho pela frente e não ter mais vontade de me esconder em um buraco. Amei tudo, vi que podia fazer isso ou aquilo, mas sem ajuda eu não iria conseguir. Tem que ter uma conversa”.

Nicole Morás

Leiani costumava ficar muito nervosa, e a solução era comer. Agora, artesanato é a sua terapia e sua vida melhorou bastante. “É como ser criança. O lápis e a tesoura na mão e eu relaxo, durmo bem mais tranquila”, afirma a dona de casa.

Ela encontrou no artesanato muito mais que um passatempo, encontrou uma realização e um emprego. “Comecei a trabalhar fora em uma loja de artesanato de Santa Clara do Sul. Com isso me tornei mais autônoma e independente. Não me vejo sem participar do grupo do Centro Clínico. Se eu não venho, fico com saudades”, diz. 

Ela tem três filhos e dois netos. A relação com eles também mudou. “Eu amo cozinhar, fazia almoço para todos e isso era pesado, pois era um compromisso. Com isso eu era uma chata. Agora cada um faz o seu almoço durante a semana e nos reunimos mais nos finais de semana. Meu humor mudou e aproveitamos para sorrir juntos. É muito gratificante e todos pegam junto”, relata. Agora, Leiani também consegue vislumbrar o futuro.

Nicole Morás

Quero estar bem, diminuir o uso de medicamentos e realizar muitos sonhos. Fazer coisas que deixei de fazer e viver um pouco
Leiani Persch

Atendimento multidisciplinar

Assistente social do Centro Clínico Univates, Tânia explica que o olhar integral e o atendimento multidisciplinar visam a atender às demandas individuais dos pacientes, que são encaminhados pela equipe que realiza atendimentos. “Geralmente são pessoas que apresentam fragilidades ou algum tipo de vulnerabilidade social e que relatam outros problemas. Nosso trabalho também auxilia para que o paciente tenha adesão ao tratamento, seguindo as orientações da equipe”, esclarece.

Ela acrescenta que alguns problemas de saúde podem estar associados a falta de higiene, negligência familiar e problemas sociais. “É uma questão de saúde coletiva. Esse olhar resulta não apenas em um impacto positivo para o paciente, mas para toda a sociedade. Isso porque há restauração das relações familiares, dos vínculos, e um melhor convívio social”, defende Tânia.

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