UM RETRATO DA SEGURANÇA ALIMENTAR DO NORDESTE BRASILEIRO NO PERÍODO 2004 A 2018

Resumo

A segurança alimentar transcende a simples satisfação das necessidades nutricionais primárias, constituindo-se como um pilar fundamental para o bem-estar de uma sociedade. Seu impacto é tangível, refletindo de maneira direta na qualidade de vida, na saúde pública e no desenvolvimento econômico. Nesse contexto, o propósito deste artigo é conduzir uma análise abrangente dos indicadores de percepção direta da insegurança alimentar em domicílios, fazendo uso da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) na região Nordeste do Brasil. Para atingir esse objetivo, empregou-se uma abordagem quantitativa de caráter descritivo, valendo-se de dados secundários oriundos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Os resultados obtidos sinalizam para uma trajetória complexa. Entre os anos de 2003 e 2013, observou-se uma significativa redução nos indicadores de insegurança alimentar, em grande parte devido a políticas públicas voltadas para a erradicação da fome, ao estímulo à produção agrícola local e à distribuição de renda. No entanto, dados mais recentes, referentes a 2017/2018, apontam para um alarmante aumento na incidência da fome no país. A região Nordeste continua a ser uma área de preocupação, com desafios persistentes ao longo das últimas décadas. Entre seus estados, Maranhão e Alagoas emergem como particularmente vulneráveis. Além disso, uma disparidade significativa se evidencia entre as áreas urbanas e rurais, com uma proporção notavelmente maior de domicílios em situação de insegurança alimentar nas zonas rurais, destacando a necessidade de políticas adaptadas às necessidades de cada região.