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Notícias

13 Julho de 2022

Gilberto Gil tem obra radiografada através da exposição das letras em livro

Resenha de livro
 
Título: Gil – Todas as letras
 
Autor: Carlos Rennó (organização e colaboração especial)
 
Edição: Companhia das Letras
 
Cotação: ★ ★ ★ ★ ½
 
Inexiste biografia de Gilberto Gil no mercado literário brasileiro, embora já tenha sido editado livro que traçou o perfil biográfico do baiano já octogenário, Gilberto bem perto (2013), assinado por Gil com a jornalista Regina Zappa.
 
Contudo, se o que importa na vida de um artista é a obra, a terceira e definitiva edição do livro Gil – Todas as letras cumpre bem a função de historiar a vida do cantor, compositor e músico ao longo de 60 anos de excepcional trajetória artística resumida em 520 páginas, tangenciando o caráter biográfico ao relatar os passos profissionais dessa caminhada.
 
Somente a cronologia – escrita com a inclusão da discografia completa de Gil – já serve de guia para o leitor reconstituir o amplo percurso do artista em 80 anos de vida.
 
Através da exposição de todas as letras escritas por Gil entre 1962 e 2021, e dos comentários do compositor sobre a gênese e/ou inspiração de dezenas de músicas, o livro organizado por Carlos Rennó realça o traço multifacetado da obra do artista, geralmente extrapolando a superfície ao analisar as letras.
 
Há profundidade nos comentários de Gil como há embasamento nas eventuais perguntas de Rennó, também organizador da edição original de 1996 e da edição ampliada de 2003.
 
Impressiona a precisão dos dados sobre as músicas, alinhadas por Rennó com os anos em que foram compostas por Gil (sozinho ou com parceiros) e com os anos da primeira gravação.
 
Nesse mapeamento fonográfico, o livro peca somente pela omissão do registro original da música De onde vem o baião, composta em 1976 e lançada em disco de 1977 por Anastácia (para quem Gil fez o baião, como o compositor informa no comentário) – e não por Gal Costa no álbum Água viva, de 1978.
 
Os comentários das letras reiteram a força motriz do pensamento da Gil na arquitetura das canções, ainda que a potência da máquina de ritmo acionada na formatação das músicas do compositor por vezes deixe em segundo plano o sentido dos versos.
 
Essa supremacia do ritmo sobre a letra está evidenciada, por exemplo, em Realce (1979), música-título de álbum inaugural da fase mais pop (e por vezes injustamente minimizada) da discografia do cantor.
 
Por essa razão, Gil faz defesa apaixonada da música ao comentar Realce, “uma canção ambiciosa e carregada de significados embutidos que vão sendo descobertos como, na cebola, as camadas por debaixo das camadas”.
 
Com ilustrações inéditas e coloridas de Alberto Pitta, o livro Gil – Todas as letras é aberto por introdução de Rennó e, na sequência, reproduz breves textos de tom ensaístico escritos por Arnaldo Antunes (O receptivo) e José Miguel Wisnik (O dom da ilusão) sobre o cancioneiro de Gil.
 
Parte mais substancial e a própria razão do livro, a exposição da letras eterniza curiosidades como Glasses, a inédita versão em inglês – escrita por Gil em 1985 – da música Óculos (Herbert Vianna, 1984), da banda carioca Paralamas do Sucesso.
 
Enfim, para quem se interessa mais pela criação eterna do que pela criatura efêmera, o livro Gil – Todas as letras é compêndio indicado para apurar a fruição de um dos cancioneiros fundamentais da música brasileira.
 
 
 
Fonte: g1
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