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Notícias

26 Julho de 2019

Karina Buhr levanta a voz com a fúria do álbum 'Desmanche'

Karina Buhr não foge à luta. Quatro anos após ter peitado no álbum Selvática (2015) a noção sacra de servidão feminina, a arretada pernambucana de origem baiana se ergue novamente em Desmanche.
 
Quarto álbum solo dessa cantora e compositora que atualmente se abriga sob o céu de São Paulo (SP), Desmanche desembarca nas plataformas nesta sexta-feira, 26 de julho, com inédito repertório autoral que mescla fúria e doçura com mixexplosivo de guitarras e tambores.
 
Antecedido por dois singles matadores, Sangue frio e A casa caiu, o álbum Desmanche tem mais força quando Buhr fulmina o estado geral das coisas com ira punk.
 
Revolvendo a lama e o caos social, a cantora, compositora e percussionista acerta o tom em Temperos destruidores, faixa que, assim como os dois já conhecidos singles, exemplifica bem a sonoridade caracterizada pela artista como "punk rock de tambor".
 
Essa sonoridade punk está parcialmente embutida no disco gravado em maio deste ano de 2019 com produção musical orquestrada pela própria Karina Buhr com Regis Damasceno, músico que pilota baixos e guitarras, estas geralmente tão preponderantes no álbum quanto o batuque comando por Buhr com Maurício Badé, coautor dos arranjos das dez músicas.
 
Se Desmanche não chega a ser o antológico álbum insinuado pelos singles Sangue frio e A casa caiu, é porque o pulso de Karina Buhr perde força em (algumas) faixas pautadas pela suavidade. Apesar do poético jogo de palavras armado na letra de Amora pela compositora (escritora hábil com as palavras), o flerte dessa composição com o brega de Pernambuco soa insosso.
 
A questão é que Buhr resulta geralmente mais inspirada como letrista do que como melodista. Menos perceptível e importante nas faixas de arquitetura punk, o desequilíbrio entre música e letra salta aos ouvidos com a poesia salpicada em Chão de estrelas.
 
Mais parcerias e conexões como a feita pela artista com o rapper Max B.O. – coautor da letra da abolerada canção Filme de terror – teriam contribuído para que o álbum Desmanche resultasse mais homogêneo no conjunto da obra.
 
Mesmo que a força do batuque acabe soando sobressalente em faixas como Lama e Nem nada, ou talvez até pelo mesmo pelo vigor do toque desses tambores, o disco dá injeção de ânimo, valentia e coragem no universo pop, para usar substantivos elencados por Max B.O. nas rimas de Filme de terror, destaque do álbum.
 
E, justiça seja feita, a imersão no mar de barulhinhos bons de Peixes tranquilos também merece menção honrosa. A faixa tem guitarras, mas é conduzida pelos violões de aço de Regis Damasceno.
 
O mix de violões e percussões de Peixes tranquilos – a cargo de Maurício Badé (cujo toque do surdo dá o tom climático da já mencionada faixa Nem nada) e da própria Karina Buhr – gerou sonoridade envolvente.
 
No desfecho da festa nem sempre punk, Vida boa é a do atrasadoreúne Karina Buhr com Isaar, cantora com quem Buhr integrou o grupo pernambucano Comadre Fulozinha antes de se lançar em carreira solo em 2010.
 
Vida boa é a do atrasado é faixa somente de vozes e tambores que reitera com fina ironia o recado básico do álbum Desmanche, dado já em maio pelo maracatu punk Sangue frio: o tempo está matador, mas é preciso amor para poder pulsar, seguir, lutar e fazer a casa cair.
 
Valente, Karina Buhr enfrenta o exército desses tempos matadores em Desmanche com doses equilibradas de amor e ira. Mas é na fúria que a artista levanta a voz com maior imponência neste guerreiro quarto álbum. (Cotação: * * * 1/2)
 
Fonte: G1
 
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