Elza Soares propõe reflexão ao Brasil após incêndio no Museu Nacional
No dia 2 de setembro fomos tomados de tristeza com a notícia de que o Museu Nacional, com um dos acervos mais importantes e mais antigos de todo país, foi tomado por um incêndio no Rio de Janeiro.
Nas últimas horas muito tem se falado a respeito das responsabilidades do governo em suas esferas municipal, estadual e federal, e enquanto políticos engravatados discutem suas culpas e principalmente as transferem, nós perdemos itens culturais dos mais valiosos em um país que já tem sérios problemas para preservar a sua memória e sua história.
Quem se manifestou a respeito do caso foi a cantora Elza Soares que não apenas lamentou o fato como também abordou a questão de que há muito tempo os gestores do museu já vinham pedindo por ajuda e investimentos, dizendo que ele corria perigo por conta da falta de verba.
Citando exemplos como Luiz Melodia e a tragédia na cidade de Mariana, ela fala sobre a “tradição” brasileira de homenagear os que se vão só depois do fato consumado, ao invés de celebrá-los quando eles ainda estão aí.
O texto na íntegra diz o seguinte:
"Estamos de luto. Sim. Mas quero propor uma reflexão. Não poderíamos estar ‘em luta’. Porque deixamos para reunir as forças em comoção nacional depois que o fogo consumiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, mesmo após inúmeros pedidos de socorro dos seus gestores? Porque deixamos para sentir a presença de Marielle após ter sua vida ceifada? Quantas mulheres fortes por esse país continuam ‘ausentes’ dessa corrente nacional? Porque deixamos para inundar a internet com mensagens solidárias à Mariana, após a barragem romper e apagar a cidade do mapa, mesmo após tantos protestos de ambientalistas e moradores de lá? Porque deixamos para homenagear o Melodia e outros grandes, quando eles já não podem mais sentir a homenagem? Deixaremos um boçal misógino qualquer assumir a presidência do nosso país e reclamaremos depois? Gentem, eu tenho gritado muito o agora, esse ‘now’ que falo. Já senti na pele as feridas desse ‘depois brasileiro’. Brasil, qual o teu negócio? Continuaremos deixando pra depois?"