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Notícias

27 Julho de 2018

Chile cria saco plástico que se dilui na água

Uma solução desenvolvida no Chile muda a fórmula do plástico e faz com que sacolas plásticas fiquem solúveis em água, sem contaminar o solo.
 
Um grupo de empreendedores chilenos criou o produto que substitui o petróleo por pedra calcária para fazer plástico e tecidos reutilizáveis.
 
Roberto Astete e Cristian Olivares, começaram a fabricar um detergente biodegradável, mas acabaram encontrando a fórmula química à base de PVA (álcool polivinílico, solúvel em água) e que substitui os derivados do petróleo, responsáveis pela alta durabilidade dos plásticos.
 
“Nosso produto deriva de uma pedra calcária que não causa danos ao meio ambiente”, assegurou Astete, diretor-geral da empresa SoluBag.
 
“É como fazer pão”, acrescenta. “Para fazer pão é preciso farinha e outros ingredientes. Nossa farinha é de álcool de polivinil e outros componentes, aprovados pela FDA – agência americana que regula alimentos e remédios – que nos permitiu ter uma matéria-prima para fazer diferentes produtos”.
 
Os dois demonstraram a jornalistas a solubilidade imediata de suas sacolas plásticas em água fria, ou de bolsas de tecido reutilizáveis em água quente.
 
“O que fica na água é carbono”, assegura Astete, o que os exames médicos realizados demonstraram que “não tem nenhum efeito no corpo humano”.
 
Para demonstrar que a água turva resultante da dissolução é “inócua” e potável, eles bebem alguns copos.
 
Reciclagem doméstica
 
“A grande diferença entre o plástico tradicional e o nosso é que aquele vai estar entre 150 e até 500 anos no meio ambiente e o nosso demora apenas cinco minutos. A gente decide quando o destrói”, afirma Astete, antes de acrescentar que “hoje em dia a máquina recicladora pode ser a panela de casa ou a máquina de lavar”.
 
A fórmula encontrada permite “fazer qualquer material plástico”, razão pela qual já estão trabalhando na produção de materiais como talheres, pratos e embalagens.
 
Os tecidos solúveis podem ser usados para produzir sacolas de compras reutilizáveis e produtos hospitalares como os protetores de macas, batas e gorros do pessoal médico e de pacientes que costumam ter um único uso, explica Olivares.
 
A expectativa é comercializar seus produtos a partir de outubro no Chile, um dos primeiros países da América Latina a proibir o uso de sacos plásticos convencionais em estabelecimentos comerciais.
 
E a chuva?
 
E quando chove, como as compras chegam em casa? Os fabricantes podem programar a temperatura à qual tanto os sacos plásticos como os de lixo se dissolvem no contato com a água.
 
Outra vantagem dos sacos é que eles não antiasfixiam, uma causa importante de mortalidade infantil. Eles se dissolvem em contato com a língua, ou as lágrimas.
 
Preço
 
Com a produção maciça, que pode ser feita nas mesmas empresas que fabricam os plásticos convencionais – basta apenas alterar a fórmula – o preço de seus produtos pode ser similar ao dos atuais, garantem.
 
Astete e Olivares esperam dar ao cliente o “empoderamento de ajudar a descontaminar o meio ambiente” porque “a grande vantagem é que o usuário decide quando destruí-la”, assegura.
 
A iniciativa ganhou o prêmio SingularityU Chile Summit 2018 como empreendimento catalizador de mudança, o que rendeu aos inventores um estágio no Vale do Silício a partir de setembro.
 
Em 2014 foram fabricadas 311 milhões de toneladas de plástico no mundo e se nada mudar, em 2050, serão produzidas 1,124 bilhão de toneladas.
 
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