Filme gaúcho "Ponto Zero" estreia buscando espaço em circuito hostil
Ponto Zero conta a história de Ênio (Sandro Aliprandini), um adolescente de 14 anos sufocado pelos desafios do amadurecimento, tanto em casa quanto na escola, onde não é exatamente um dos garotos mais populares. O pai, um radialista (Eucir de Souza), é rude. E nem sempre está presente. A mãe (Patricia Selonk) sofre com a frieza e a grossura do marido. No meio dos dois, o guri se vê assombrado pelos sinais de que a vida adulta está chegando.
Belas e surpreendentes imagens de Porto Alegre contextualizam a trama, especialmente aquelas que enfatizam a sensação de inadequação do jovem protagonista, tanto à cidade em que vive quanto à família à qual pertence. Certa noite, quando Ênio pega o carro escondido para ir à região da Avenida Farrapos, provavelmente ao encontro de uma prostituta, há uma quebra da estrutura narrativa. Um acidente transforma a experiência de rebeldia em uma espécie de pesadelo, cujas resoluções não são menos impactantes para o espectador – pelo contrário.
Exibido no Festival de Gramado de 2015, de onde saiu com dois troféus (melhor montagem e som), Ponto Zero entrará em um circuito cada vez mais hostil ao cinema nacional à exceção das comédias populares da onda de "globochanchadas", são raros os longas que dispõem de tempo e espaço para encontrar seu público.