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Notícias

16 Maio de 2016

Filme polonês "Demon"

Em setembro passado, o diretor polonês Marcin Wrona foi encontrado morto em seu quarto de hotel em Gdynia, onde seu filme de terror psicológico Demon (2015) seria exibido no mais prestigiado festival de cinema de seu país. A polícia concluiu que o realizador de 42 anos cometeu suicídio enforcando-se. Esse triste episódio poderia servir de publicidade mórbida para uma produção que trata de possessão e espíritos. O impressionante Demon, porém, dispensa artifícios de propaganda: a força e o rico subtexto da narrativa e a extática atuação do protagonista são suficientes para prender a atenção do espectador em uma história que vai além das convenções do gênero de horror. O filme literalmente desenterra os esqueletos escondidos por uma sociedade culpada.
 
Recebido com entusiasmo no Festival de Toronto e vencedor do prêmio de melhor filme do Austin Fantastic Fest, o longa em cartaz na Capital no Guion Center 3 é praticamente todo ambientado durante a festa de casamento de Piotr (Itay Tiran) e Zaneta (Agnieszka Zulewska). Vindo da Inglaterra para morar com a futura mulher na casa do avô da noiva em uma cidadezinha polonesa, o rapaz descobre por acaso, ao manobrar uma escavadeira, uma cova com ossos humanos no quintal do futuro lar do casal. Piotr passa então a ter estranhas visões que culminam em plena celebração do matrimônio, quando o noivo entra em transe depois de enxergar um fantasma em meio aos convidados. Ao conversar com o possesso, um velho professor judeu afirma que o jovem foi apoderado por um dybbuk – no folclore judeu, um espírito humano que vagueia até encontrar refúgio no corpo de uma pessoa viva.
 
Como no recente filme americano A Bruxa (2015), de Robert Eggers, Demon permite tanto uma interpretação sobrenatural quanto religiosa e social dos acontecimentos. À medida que os pais da noiva vão abastecendo os convivas de vodca para que esqueçam das estranhas cenas que presenciaram no galpão a ponto de parecerem mortos-vivos de tão bêbados, alguns indícios afloram em diálogos reticentes e ambíguos, que insinuam uma ferida aberta relativa naquela comunidade onde antigamente judeus e católicos eram vizinhos. O ator israelense Itay Tiran, visto antes em Lebanon (2009), destaca-se graças a uma interpretação performática como o possuído Piotr. Outro ponto alto dessa impactante alegoria dos pecados do passado da Polônia é a trilha sonora, assinada pelo grande compositor erudito Krzysztof Penderecki autor da música de filmes como O Exorcista (1973) e O Iluminado (1980).
 
 
Fonte: Zero Hora
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