Coordenação: Neli Teresinha Galarce Machado
Pesquisadores:A influência dos estudos históricos, da cultura material, da arqueologia e da etno-história com abordagens ambientais e culturais é amplamente aceita e conhecida pela comunidade científica. Os estudos regionais têm tomado potência na última década do século XXI e os estudos arqueohistóricos e ambientais têm estado, ainda em crescimento, presente na construção das historicidades multiculturais nacionais. Este projeto tem o objetivo de dar continuidade às pesquisas sobre antigos assentamentos humanos em território brasileiro com ênfase às questões geoambientais e a historicidades de grupos étnicos. A pesquisa está baseada nos estudos em sítios arqueológicos, em coleções e acervos de cultura material, em documentos históricos e averiguações da paisagem fazendo relação entre a arqueologia, geografia, geologia, geomorfologia e história. Este projeto está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, na área de concentração em Espaço, Ambiente e Sociedade e na linha de pesquisa Espaço e Problemas Socioambientais, bem como ao Programa de Pós-graduação em Ensino junto à linha Ciência, Sociedade e Ensino. Considera-se a potencialidade dos antigos assentamentos humanos dos grupos paleoindígenas, das sociedades agricultoras e dos primeiros imigrantes imigrantes africanos e europeus no Brasil bem como suas movimentações e dinâmicas ambientais como foco de investigação. O objetivo em específico para a presente proposta científica é estabelecer uma pesquisa de compreensão contextual das ocupações antigas humanas em terras brasilis, bem como as relações de contato que se estabeleceram entre eles, identificando as relações (manejo, modificação e uso) que essas populações mantiveram com o ambiente. Como mérito científico, temos os pressupostos teóricos e conceituais da Arqueologia, da Arqueologia Regional, da Arqueobotânica, da Etno-história e da História Ambiental. Na originalidade o foco será as áreas com sítios arqueológicos e a partir daí as abordagens se concentram na pesquisa de caráter histórico e arqueológico para a construção de um cenário histórico e ambiental. O projeto está embasado em metodologias da arqueologia da paisagem, geoarqueologia, história ambiental, história da imigração, patrimônio e etno-história. Como resultado, espera-se estabelecer o período, a mobilidade e o tempo de permanência nos assentamentos das sociedades. Como resultados esperados pode-se ter uma nova versão e re-visão da história antiga brasileira no que se relaciona à regiões pouco ou nada estudada em contexto brasileiro além de dar continuidade às pesquisas no que se refere a arqueologia regional, campo importante para a ciência brasileira e para o cenário da história mais antiga do Brasil. A integração dos dados advindos do desenvolvimento da proposta produzirá resultados significativos e de abrangência internacional, servindo de suporte para interpretações globais acerca da história de antigas civilizações e do patrimônio histórico, cultural e ambiental mundial junto à salvaguarda e a promoção da cultura. Esse tipo de pesquisa contribui de forma direta para muitos dos ODS – cidades seguras e sustentáveis, trabalho decente e crescimento econômico, redução das desigualdades, meio ambiente, promoção da igualdade de gênero, e sociedades pacíficas e inclusivas. Os benefícios indiretos da cultura resultam de implementações culturalmente conscientes e efetivas dos objetivos de desenvolvimento tendo o patrimônio cultural – tangível e intangível – protegidos e gerenciados de forma correta.
Sub projetosNeli Teresinha Galarce Machado
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS - FAPERGS
O projeto insere-se no panorama de ocupação pré-colonial do sul, centro e noroeste da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari/Antas, Rio Grande do Sul, busca, como objetivo geral, delimitar o horizonte cronológico da ocupação Guarani e Jê Meridional e identificar as relações (manejo, modificação e uso) que essas populações mantiveram com o ambiente ocupado. Entre os objetivos específicos encontram-se a delimitação do período de chegada e partida Guarani e Jê Meridional na região; a identificação do tempo de permanência nas aldeias Guarani e Jê meridional (aldeias com alta permanência ou com baixa permanência); a identificação de espécies de plantas úteis aos Guarani e Jê Meridionais; a evidenciação de traços de modificação ambiental relacionadas com a ocupação Guarani e Jê Meridional para a região de estudo. O Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento possui uma área de pesquisa concentrada em Espaço, Ambiente e Sociedade, desenvolvendo estudos sobre o processo histórico de ocupação e suas implicações ambientais. Nessa área de pesquisa têm-se desenvolvido investigações voltadas para a dinâmica da ocupação humana pré-colonial na porção sul, centro e noroeste da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari/Antas, utilizando, como aporte principal, a Arqueologia. Levantamentos arqueológicos realizados na região de estudo atestaram, em um primeiro momento, a potencialidade de pesquisa para o contexto pré-colonial, demonstrando uma intensa ocupação Guarani no centro-sul da Bacia (122 sítios arqueológicos), assim como de grupos Jê meridionais no noroeste (69 áreas com indícios arqueológicos). Ao longo desses espaços encontram-se de forma constante, mas em menor densidade, sítios e evidências associadas a grupos de caçadores-coletores. As investigações prévias deram conta de demonstrar um conciso panorama de distribuição de sítios arqueológicos regionais, com a presença de sítios Guarani nas “terras baixas” da Bacia, e sítios Jê Meridionais nas “terras altas”. A partir da identificação de sítios arqueológicos foi possível inserir os grupos em composições florísticas distintas, estando à presença Guarani relacionada com a Floresta Estacional Decidual e Semidecidual, e a presença Jê Meridional associada à Floresta Ombrófila Mista, cuja presença de Araucaria angustifolia (pinheiro araucária) é marcante. Com esses resultados pode-se dizer que o conhecimento arqueológico referente ao horizonte espacial, isto é, o espaço ocupado pelos Guarani e Jê Meridionais, encontra-se bastante estabelecido. Por outro lado, questões referentes ao horizonte cronológico, assim como as relações de uso e manejo do espaço ocupado, ainda apresentam lacunas importantes. Essas questões podem ser encaradas como um aprofundamento de conhecimento sobre as ocupações pré-coloniais na região.