Coordenação: Dra. Verônica Contini
Pesquisadores:
Dra. Verônica Contini
Dra. Lucélia Santi
Dr. Paulo Roberto Vargas Fallavena
Dra. Júlia Pasqualini Genro
- 4 bolsas Univates
Camile Wünsch
Pâmela Camini Constantin
Stephanie Cristina Hepp Rehfeldt
Cristiane dos Santos Costa e Fabiane Dresch.
- Centro Universitário UNIVATES
- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)/Edital Universal
O estudo das doenças multifatoriais, como as doenças cardiovasculares, o diabetes mellitus tipo 2, a obesidade e os transtornos psiquiátricos, tem recebido uma atenção especial nos últimos anos, devido a sua complexidade e os múltiplos fatores envolvidos no seu desenvolvimento. Durante muito tempo as doenças genéticas monogênicas e cromossômicas tiveram um papel de destaque na pesquisa clínica, mas, no entanto, sabe-se que as doenças de etiologia complexa, ou multifatoriais, hoje apresentam um impacto muito maior na sociedade contemporânea. Isso se deve ao fato de apresentarem altas prevalências e, portanto, serem responsáveis por uma parcela maior de morbidade e mortalidade, especialmente em países em desenvolvimento, onde se observa um aumento progressivo da expectativa de vida populacional. As doenças multifatoriais são causadas por uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais, muitas vezes ainda não identificados e que interagem entre si. Nesse sentido, a identificação desses fatores envolvidos, tanto biológicos quanto ambientais, e de suas redes de relações, é de fundamental importância para a definição e caracterização de diversas condições clínicas que influenciam no desfecho dos pacientes. Por exemplo, pesquisas recentes apontam que o uso de aditivos artificiais, como alguns corantes ou preservativos, poderiam aumentar os sintomas do transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade (TDAH), um dos diagnósticos psiquiátricos mais comuns na infância, e que persiste na idade adulta na maioria dos casos. Em outras situações, observa-se que interações entre fatores habituais da dieta, como a composição de gorduras ou carboidratos, por exemplo, com variantes genéticas podem predispor, e/ ou modular, o surgimento de diversas doenças, como a obesidade e as doenças cardiovasculares. Atualmente, o estudo dessas interações gene-nutriente constituí a base dos estudos nutrigenéticos, os quais têm apontado que cada indivíduo pode responder de maneira diferente a uma determinada dieta, em função do seu perfil genético. Frente a isso, o objetivo principal desta pesquisa é avaliar de forma multidisciplinar doenças multifatoriais com um comprovado componente genético e prevalentes na população. Serão investigados polimorfismos genéticos, em genes candidatos importantes na fisiopatologia de cada doença em particular, em amostras, já coletadas, de pacientes com TDAH e com doença arterial coronariana (DAC). As amostras de pacientes com TDAH são provenientes de uma colaboração com o Programa de Déficit de Atenção/ Hiperatividade (ProDAH) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), RS, e as amostras de pacientes com DAC foram coletadas no Serviço de Hemodinâmica do Hospital Bruno Born (HBB) de Lajeado, RS. Todos os indivíduos incluídos assinaram termos de consentimento, aprovados pelos comitês de ética em pesquisa (COEP) do HCPA e do HBB, respectivamente. Além disso, serão também avaliadas amostras de sangue e plasma de voluntários adultos provenientes do Ambulatório de Nutrição do Centro Universitário UNIVATES, com o objetivo de investigar o efeito de possíveis interações entre fatores ambientais e genéticos sobre marcadores biológicos do metabolismo (parâmetros bioquímicos e antropométricos). Para tanto, será aplicada uma avaliação nutricional para identificar os hábitos de estilo de vida, um recordatório alimentar de 24 horas e parâmetros antropométricos (peso, altura, medidas de circunferências e bioimpedância). A verificação dos parâmetros bioquímicos, tais como colesterol, glicose e triglicerídeos, será realizada no laboratório de análises clínicas da instituição, em equipamento automatizado Mindray BS120, por método enzimático colorimétrico. Os polimorfismos genéticos selecionados serão avaliados pela técnica de reação em cadeia da polimerase, no laboratório de Biotecnologia da instituição. A busca por novos biomarcadores proteicos será realizada através da identificação de possíveis proteínas alteradas e/ou relacionadas com os fenótipos em estudo. Para isso, as diferentes amostras serão analisadas por géis uni ou bidimensionais, western blot e espectrometria de massas. Esta última técnica, a ser realizada através de duas colaborações internacionais já existentes: Dr John Yates, do The Scripps Research Institute – La Jolla – CA, USA e Alex Rosa Campos, do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute - La Jolla – CA, USA. A descoberta de biomarcadores proteicos representam não só um grande avanço no entendimento do mecanismo molecular destas doenças, mas também podem ser aplicadas biotecnologicamente no desenvolvimento de kits diagnóstico específicos.