Promover outras formas de ensinar matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Essa é a motivação da pesquisa desenvolvida pelas professoras doutoras Ieda Giongo, Marli Quartieri, Sonia Gonzatti e Marcia Rehfeldt da Universidade do Vale do Taquari - Univates. Além do apoio da Secretaria Municipal de Educação de Estrela, o projeto conta com parceiros nacionais - pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) - e internacionais - pesquisadores da Universidade de Pisa, na Itália, e Universidade de Narino, na Colômbia.
Três escolas de Estrela são lócus do estudo. Conforme a professora Ieda, coordenadora da pesquisa, o projeto se desenvolve a partir das demandas dos colégios estrelenses. Para isso, professores das três escolas participam periodicamente das reuniões de pesquisa na Univates. Nesses momentos são planejadas e problematizadas tarefas de análise que devem ser aplicadas nas turmas da educação básica. A proposta busca aproximar o conhecimento produzido na academia do ensino básico.
Nicole Morás
Duas escolas trabalham com a metodologia de Investigação Matemática que aposta em tarefas mais abrangentes e frequentemente têm mais de uma resposta. Ieda explica que, nessa ótica, é importante trabalhar em grupo, discutir as questões, entrar em um acordo e escrever sobre. Na outra escola opera-se com estratégias vinculadas ao campo da Etnomatemática, envolvendo também questões culturais. Nesse caso, nossa ligação é bem maior com a Universidade de Pisa. Tanto lá quanto aqui turmas de alunos do quarto e do quinto ano estão envolvidos em um projeto que foca em como as pessoas moram, suas casas e culturas. Assim podemos problematizar, com a matemática, as questões sociais, políticas e econômicas. A geometria é um instrumento para isso, explica a professora.
Os resultados são discutidos em reunião. Atividades muito parecidas são desenvolvidas na Colômbia e na Itália e os resultados são comparados. As crianças envolvidas resolvem as tarefas de modo criativo e têm nos surpreendido com as diferentes estratégias de resolução, comenta a professora Ieda.
Para o secretário de Educação de Estrela, Marcelo Mallmann, o alinhamento da teoria com a prática beneficia todos os envolvidos. Todo o conhecimento compartilhado com os professores auxilia e impacta de forma positiva no aprendizado dos alunos. Com essa atividade desenvolvida pelas professoras pesquisadoras é possível fornecer aos professores dos anos iniciais uma formação continuada de qualidade e uma reflexão sobre a prática dos docentes, afirma.
Conforme a professora Ieda, as temáticas de álgebra e geometria foram escolhidas tendo em vista a Base Nacional Comum Curricular, que alerta para a necessidade de desenvolver, nos estudantes, o pensamento pré-algébrico e geométrico desde a educação infantil. O projeto está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ensino e ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Exatas.
Atualmente a pesquisa conta com fomentos de órgãos governamentais: Produtividade em Pesquisa, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Internacionalização (coordenado pela professora Ieda, da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Fapergs/Capes); Pesquisador Gaúcho, da Fapergs, a cargo da professora Márcia), e o Meninas na Ciências, do CNPq, coordenado por Sônia Gonzati).