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Esporte, Pesquisa

Estudante problematiza jogos competitivos na educação física escolar

Por Júlia Amaral

Postado em 31/07/2019 08:38:14


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Com o objetivo de estimular a visão crítica sobre o ensino de esportes nas escolas, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jaqueline Luiza Klein, acadêmica de Educação Física - licenciatura da Universidade do Vale do Taquari - Univates, investiga a relação dos jogos escolares com a organização das aulas de Educação Física. A pesquisa intitulada “Jogos escolares e educação física escolar: investigando esta (des)articulação” foi orientada pelo professor Derli Juliano Neuenfeldt.

A ideia para o tema surgiu durante um dos estágios obrigatórios, quando o professor titular da turma solicitou que Jaqueline desenvolvesse uma prática esportiva com o intuito de preparar os alunos para as competições escolares do município. A pesquisa do TCC incluiu entrevistas com cinco docentes de escolas da rede municipal de uma cidade do Vale do Taquari em que as disputas são tradicionais e acontecem em diversas modalidades, com premiações para os melhores colocados.

Júlia Amaral

Jaqueline percebeu que o planejamento das aulas acontece de acordo com as competições, pois não há outro momento destinado a isso. Para a estudante, a prática deve ser pensada para incluir todos os alunos, o que nem sempre acontece quando a motivação é a vitória em um campeonato. “É preciso pensar o esporte na escola de maneira escolar, com o intuito de problematizar e integrar todos à prática. Dessa forma, os jogos escolares também deveriam seguir essa lógica. Não deveriam ser excludentes, em que os melhores se destacam - esse é o espaço do esporte de rendimento”, afirma. 

Segundo a acadêmica, é possível reformular as competições de modo que os alunos possam participar ativamente em diferentes funções, não somente jogando, mas atuando também na arbitragem, por exemplo. A mudança seria possível iniciando pelos jogos internos nas escolas, também conhecidos como interséries. Ela conta que na entrevista com professores percebeu que quando os jogos escolares atingem a integração tornam-se experiências valiosas para os alunos.  

Conforme Neuenfeldt, ao longo da graduação em Educação Física os estudantes são instigados a conhecer diferentes realidades escolares, observando aulas, construindo propostas de intervenção e experimentando a docência nos estágios curriculares em diferentes níveis de ensino.

O curso problematiza com os acadêmicos que a educação física escolar deve ser uma aula para todos, sem discriminações ou exclusões, independentemente do nível de habilidade ou gênero. Todos têm direito a experimentar e a aprender as diferentes práticas da nossa cultura corporal de movimento
Professor Derli Juliano Neuenfeldt

Para o professor, a pesquisa de Jaqueline é extremamente relevante devido à provocação que faz. “O estudo também mostra que os jogos escolares, mesmo aproximando-se do modelo do esporte de rendimento, proporcionam aprendizagem aos alunos, principalmente em relação às atitudes de respeito aos demais participantes e a conhecer as regras dos esportes, tendo a arbitragem uma função educativa, não apenas cumpridora das normas”, observa. 

Conforme Jaqueline, a aula de Educação Física não se resume à aprendizagem de destrezas esportivas. “Pode-se descobrir muitas coisas e ir além na cultura corporal de movimento, tanto de nossa região quanto de nosso País, e fazer os alunos refletirem e serem críticos sobre o que está acontecendo no mundo que engloba a educação física”, conclui. 

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