A Universidade do Vale do Taquari - Univates sedia, até a próxima sexta-feira, dia 19, o 1º Inovabiotec 2019 - Congresso de Inovação e Biotecnologia. O evento, de abrangência nacional, traz discussões nas áreas de biotecnologia e bioprocessos aplicados ao setor produtivo e, ao longo de três dias, contará com palestras de pesquisadores de importantes universidades e centros de pesquisa brasileiros. Empreendedores, startups e empresas ligadas ao ramo biotecnológico também estão presentes.
A programação do evento é composta por palestras, painéis, minicursos e apresentação de pôsteres. As atividades abordam assuntos como transgenia, biotecnologias e terapia celular, bioprocessos e fermentação alcóolica, óptica biomédica e fotônica aplicada e métodos alternativos à experimentação animal no desenvolvimento de produtos. Interessados em se inscrever podem acessar o site univates.br/eventos. Mais informações sobre o Congresso podem ser obtidas pelo e-mail inovabiotec@univates.br.
Abertura ocorreu na terça-feira
Júlia Veiga
Júlia Veiga
A abertura do Congresso ocorreu na noite da última terça-feira, dia 16. Dois professores da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Tiago Collares e Odir Antônio Dellagostin, atual diretor presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (FAPERGS), apresentaram o Painel Biotecnologias e Bionegócios: Estratégias para o Brasil. Durante a palestra, os três pesquisadores expuseram cases de realizações mundiais na área, que também podem servir de inspiração ao ramo no país.
Antes de subir ao palco para conversar com o público, Dellagostin concedeu uma entrevista à Univates e fez considerações sobre a área de biotecnologia e bionegócios no Brasil e no Rio Grande do Sul. Confira:
Pergunta: Qual a relação entre bionegócios e biotecnologia?
Dellagostin: Chamamos de bionegócios todas as atividades econômicas resultantes da utilização de recursos biológicos e genéticos. A biotecnologia é a área que dá sustentação aos bionegócios, aos empreendimentos que fazem uso de recursos biológicos para gerar produtos, processos ou serviços.
Pergunta: Como está o ramo de bionegócios e biotecnologia no Brasil?
Dellagostin: É uma área que tem um grande potencial no Brasil, pois a base dos bionegócios são os recursos genéticos e nosso país é muito rico nisso, em biodiversidade, além de apresentar excelentes condições climáticas. Elas permitem, por exemplo, a produção de diferentes culturas e espécies de organismos. Vale ressaltar que, apesar de dispormos de boas condições que favorecem o ramo, não conseguimos explorá-las devidamente. Nossa bioeconomia ainda é muito primária, baseada, principalmente, na produção de grãos de baixo valor agregado. Em algumas áreas, há agregação de valor.
Júlia Veiga
Temos outros ramos importantes. Dentre eles, cito as áreas da saúde humana e animal. Nessas áreas, o Brasil atua como um grande consumidor, existe um vasto mercado. O país não se sobressai, entretanto, como um produtor relevante de fármacos. Somos, basicamente, importadores deles. Acredito que o Brasil ainda pode desenvolver biotecnologias mais significativas nesse âmbito. Precisamos explorar as oportunidades que aparecem.
Pergunta: E o ramo de bionegócios e biotecnologia no Rio Grande do Sul?
Dellagostin: No Rio Grande do Sul existem vários polos que desenvolvem pesquisas sobre biotecnologias. Possuímos três unidades da Embrapa que se dedicam ao fortalecimento dos bionegócios. Nosso estado é essencialmente agrícola e tem um potencial considerável. Não dispomos, entretanto, de um número significativo de empresas de grande porte que atuam nesse mercado. Precisamos estimular a criação de novas empresas especializadas.
Os palestrantes
Tiago Collares tornou-se biólogo e médico veterinário pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). Possui pós-doutorado pela University of Illinois, nos Estados Unidos. Atualmente, é docente de graduação e pós-graduação da Ufpel. Collares é membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências na área de Ciências Biomédicas.
Odir Antônio Dellagostin é formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e cursou pós-doutorado na University of Surrey, na Inglaterra. Atualmente, atua como professor na Ufpel, é coordenador da área de Biotecnologia da Capes e diretor presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (FAPERGS).