A doença de Parkinson atinge cerca de 1% da população idosa. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, mais de 200 mil pessoas sofrem com o problema, que é agravado quando o diagnóstico não ocorre de forma precoce. Pensando nisso, o curso de Medicina da Univates realiza a pesquisa Desenvolvimento de marcadores moleculares destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnóstico prévio da doença de Parkinson, coordenado pelo professor doutor Ramatis de Oliveira.
O estudo foi contemplado pelo edital 03/2017 do Programa Pesquisa para SUS: gestão compartilhada em saúde, realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), Ministério da Saúde (MS), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES/RS). O valor total a ser repassado para o projeto é de R$ 54.289,43.
Nicole Morás
De acordo com Oliveira (ao lado), o objetivo do projeto é identificar marcadores moleculares que permitam a montagem de um ''kit'', para aplicação no SUS, visando ao diagnóstico prévio da doença de Parkinson (DP) em pacientes que apresentam sintomas neurológicos ''não motores'' da doença, porém não apresentam a degeneração característica da DP.
A ideia é baseada na crescente discussão envolvendo o sistema noradrenérgico, no qual esse sistema aparenta naturalmente proteger as regiões envolvidas no desenvolvimento e progressão da doença de Parkinson. Na descrição inicial da DP foi relatada uma degeneração massiva de neurônios noradrenérgicos no tronco cerebral, e hoje é sabido que esses neurônios correspondem à estrutura do maior centro noradrenérgico do sistema nervoso central. Essa estrutura é envolvida no controle de processos neuronais, como comportamento, cognição e ciclo circadiano, exatamente os sintomas que aparecem antes do desenvolvimento da doença, conhecidos como sintomas ''não motores'', explica Oliveira.
O pesquisador acrescenta que a detecção prévia de tal patologia, além de ser uma revolução na medicina atual, seria uma ferramenta inestimável à prevenção e possibilidade de desenvolver novas terapias preventivas acessíveis à população brasileira.
Conforme Oliveira, essas terapias preventivas poderiam retardar o aparecimento da doença, bem como, possivelmente, impedir totalmente o seu aparecimento. Além dos benefícios para o paciente, o pesquisador destaca que o investimento em kits de diagnóstico seria muito inferior aos custos com medicação, internação, atendimento e atenção a pacientes com Parkinson.