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Pesquisa

PPGSAS e PPGBiotec têm pesquisa para favorecer a produção de mudas de erva-mate

Por Nicole Morás

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A biotecnologia também pode contribuir para favorecer o desenvolvimento de plantas, garantindo melhor qualidade delas. É com esse viés que é realizada, no Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) e no PPG em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates, a pesquisa “Qualificação na produção de mudas de erva-mate”, vinculada ao projeto “Estudo de comunidades vegetais da Depressão Central do Rio Grande do Sul: riqueza florística, estrutura e potencialidades”, coordenado pela doutora Elisete de Freitas. Neste estudo, um dos focos é o desenvolvimento de um protocolo que promova o aumento do índice de germinação de sementes de erva-mate e a qualidade das mudas.

Devido à relevância econômica da erva-mate para a região alta do Vale do Taquari, além de estar relacionada a um símbolo da cultura gaúcha, o chimarrão, a pesquisa foi uma das selecionadas pelo Programa de Apoio aos Polos Tecnológicos, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect), que repassou o valor de R$ 699.066,05 ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), com contrapartida da Univates de R$ 176.639,68,  para a compra de equipamentos importantes para o estudo.

Ana Amélia Ritt

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Elisete Freitas, a primeira parte do estudo consiste em melhorar a germinação das sementes de erva-mate, uma vez que menos de 20% das sementes germinam pelo método de estratificação utilizado pelos produtores de mudas. Nesse método, após a limpeza dos frutos, as sementes são colocadas em sacos de areia que ficam enterrados por um período médio de seis meses para que então elas sejam semeadas. “Percebemos que, dessa forma, não ocorre uma germinação uniforme, pois algumas sementes podem levar até três anos para se germinar”, afirma.

Estudos preliminares com outros métodos de estratificação das sementes já mostraram que é possível alcançar cerca de 40% de germinação e obter mudas de maior qualidade e mais uniformes.

Por isso, a pesquisa busca identificar quais fatores estão influenciando para o alcance dos resultados obtidos nos testes já realizados para que seja desenvolvido um protocolo de estratificação das sementes capaz de promover maior germinação e a geração de mudas com maior uniformidade e qualidade em menor período de tempo
Elisete de Freitas

A pesquisa também é realizada em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o professor Dr Claudimar Sidnei Fior e a doutoranda Mara Cíntia Winhelmann; da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), campus de Lages, através da professora Dra. Luciana Magda de Oliveira; e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Cascavel, com a participação da professora Dra. Shirley Martins Silva e de uma mestranda.

A pesquisa conta, ainda, com a colaboração de produtores de erva-mate, ervateiras e, principalmente de viveiristas. “Foi a partir do contato com eles que  identificamos que um dos maiores problemas da cadeia produtiva é a dificuldade de se obter mudas de qualidade. E foi esse o nosso foco ao elaborar o projeto. Nosso olhar está voltado para essa demanda, de forma que os resultados obtidos com nossa pesquisa serão disponibilizados para a comunidade produtora. Dessa forma, pretendemos contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva da erva-mate, que tem uma busca constante por melhorias e hoje já desenvolve outros produtos e exporta parte de sua produção”, finaliza Elisete.

Potencial alopático

Nicole Morás

Em um segundo momento da pesquisa, que deve ocorrer a partir de 2019, será verificado o potencial alelopático dos frutos, ou seja, a capacidade que eles têm em inibir o crescimento e a germinação de outras plantas, vislumbrando o desenvolvimento futuro de herbicidas naturais. Com isso, os frutos poderiam ser utilizados no controle natural de pragas e invasoras em ecossistemas naturais ou em sistemas de cultivo.  

De acordo com Elisete, a motivação para este estudo é a subutilização da erva-mate. “Geralmente utilizam-se as folhas para a produção da erva-mate, mas existe um potencial também para o aproveitamento dos frutos”, analisa. A pesquisadora acrescenta que há pesquisas da década de 1980 que indicam a função alelopática do extrato da erva-mate e desde então não há registro de nenhum estudo que complemente os dados obtidos na época.

Saiba mais

Nicole Morás

A erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.) é uma espécie nativa da Floresta Ombrófila Mista, com ampla distribuição e de grande importância socioeconômica e ambiental, em nível nacional, estadual e regional. De acordo com dados do IBGE, no ano de 2013, o Brasil produziu cerca de 515,5 mil toneladas de folhas verdes de erva-mate em uma área plantada de 74.421 hectares. Dentre os estados brasileiros com produção de erva-mate, o Rio Grande do Sul é o principal produtor, sendo responsável por pouco mais da metade da safra de 2013 (265.515 toneladas). Dentre as dez cidades com maior produção no Rio Grande do Sul, quatro estão situadas no Vale do Taquari e respondem por 47% de toda a produção de erva-mate do Estado, sendo Ilópolis e Arvorezinha os dois maiores produtores, respondendo por 41% da produção estadual.

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