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Pesquisa

O que se espera da escola do século XXI?

Por Ana Amélia Ritt

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Quais são as competências necessárias para um professor ministrar uma boa aula?
Como envolver os estudantes?

Foi a partir dessas perguntas e da intenção de direcionar seu olhar aos estudantes que Daniela Diesel, mestra em Ensino pela Univates e doutoranda em Educação pela Universidade de Lisboa, buscou elencar com base na perspectiva dos estudantes o que seria um bom professor e interessantes modos de ensinar. Após análise do ponto de vista de 23 alunos, entre 15 e 17 anos, participantes de grupos focais, o estudo mostrou a insatisfação dos estudantes em relação aos métodos de ensino das escolas. Como solução do problema, os alunos apontam o diálogo e o maior envolvimento interpessoal entre professor e estudante.

[...] não tem ninguém melhor do que os alunos para dizer se aquela forma de ensinar está funcionando ou não está. Porém, os professores não recorrem aos alunos. Talvez por eles pensarem que a gente não tem maturidade o suficiente ou pensar que vamos estar perdendo tempo da aula falando sobre isso
Estudante 4, escola A

Artur Dullius

A aproximação com os adolescentes ao longo dos últimos 10 anos como professora de Educação Física fez com que Daniela voltasse sua atenção a subsídios para a prática docente. “A sensação de fragilidade nas relações entre professores e os jovens estudantes fez com que despertasse em mim o interesse de querer entender melhor o mundo dos alunos”, explica. Segundo a pesquisadora, o professor precisa ter um olhar sensível, pois os corpos dos jovens falam por si só. “Mas, afinal, como se faz isso? Como tornar-se um professor com um olhar sensível? Quem ensina isso? Como aprender?”, questiona.

O olhar sobre o outro

Uma vez por mês, durante quatro meses, Daniela reuniu-se com os estudantes em grupos de discussão - chamados grupos focais - para debater questões pertinentes à escola. Assim como percebeu anseios e indagações deles, para ela também surgiram inquietudes sobre o papel de “ser professor”, refletindo se a habilidade de ensinar vai além dos saberes aprendidos na graduação. “Ao me colocar no lugar deles, percebi o quanto a escola ainda se encontra distante dos ideais dos jovens. Os adolescentes afirmam que a escola não consegue acompanhar as mudanças da sociedade em sua volta”, comenta, referindo-se ao sistema tradicional de ensino, com quadro negro, livro didático e os conteúdos presentes no currículo.

Mas, afinal, o que os jovens buscam?

Segundo a pesquisa, os jovens querem professores que disponibilizem um espaço para diálogos e debates em aula, além de saber ouvir. “Para os adolescentes, o professor do século XXI deve compreender que estabelecer uma relação afetiva não significa a diminuição do papel dele como docente, pelo contrário, a criação de uma relação afetiva é encarada como uma qualidade do professor e como um aspeto que contribui para melhorar a aprendizagem”, explica Daniela. Os adolescentes também anseiam por uma aprendizagem que não seja cumulativa e que possa ser construída coletivamente, além de aulas que envolvam metodologias motivadoras como uma forma de facilitar a interação com os conteúdos. 

Além disso, a doutoranda afirma perceber uma preocupação dos jovens enquanto sujeitos ativos e participantes da sociedade atual, que desejam se constituir como cidadãos críticos e capazes de assumir um papel ativo na sociedade.

A gente precisa saber do mundo em nossa volta, do que se passa na nossa sociedade, como é a vida lá fora. E não ficar somente nessa de formar bons profissionais e se esquecer do restante. Como vamos chegar lá fora?
Estudante 8, escola B

"Ser professor"

Divulgação

Para Daniela, “ser professor” na escola contemporânea requer saberes e competências que vão além daqueles que são abordados e discutidos na formação inicial. Por acreditar que o sucesso escolar está nas relações interpessoais, nos vínculos de afeto e nas competências socioemocionais dos professores, a pesquisadora dedica-se atualmente a estudar as competências necessárias aos professores em ambientes inovadores de aprendizagem - chamados em Portugal como salas de aula do futuro. 

Essa pesquisa integra seu projeto de tese no Programa de Doutoramento em Educação, na especialidade de Technology Enhanced Learning na Societal Challenges, da Universidade de Lisboa, financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia de Portugal.

Saiba mais

Sob orientação da professora doutora Suzana Feldens Schwertner, a pesquisa “Ação Docente na Contemporaneidade: o que pensam os adolescentes?”, tema desta matéria, foi realizada no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEnsino) da Univates. Realizada em 2016, envolveu duas escolas de Ensino Médio, uma da rede pública e outra da rede privada, de um município da região do Vale do Taquari.

Estudar com economia

A formação de professores e a busca por esses diferenciais como docente são incentivadas pelos cursos de licenciatura da Univates. Para oportunizar economia no pagamento da mensalidade, a Instituição oferece a Bolsa Licenciatura, que pode reduzir até 50% o valor total do curso, dependendo da quantidade de disciplinas cursadas pelo estudante.

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