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Trabalho do doutorado do Ensino da Univates vence Grande Prêmio Capes de Tese

Postado as 14/11/2022 11:22:54

Por Lucas George Wendt

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou na última segunda-feira, 7 de novembro, os três vencedores do Grande Prêmio Capes de Tese. Os nomes dos autores, de seus respectivos orientadores e coorientadores foram publicados no Diário Oficial da União como parte do resultado final do Edital nº 11/2022, que traz ainda os títulos das teses, os Programas de Pós-Graduação (PPGs) aos quais os pesquisadores são vinculados e a área de avaliação à qual o PPG pertence.

Divulgação/Acervo pessoal


Marcos Marques Formigosa, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEnsino) da Universidade do Vale do Taquari - Univates, é um dos três contemplados ‒ na categoria referente ao Colégio de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar ‒ com o Grande Prêmio Cândido Rondon. A tese foi defendida em 2021 para obtenção do título acadêmico de doutor. O trabalho de Formigosa, orientado pela professora doutora Ieda Maria Giongo, já havia recebido o Prêmio Capes Tese 2022 na Área de Ensino. Sua pesquisa se intitula “As Etnomatemáticas dos alunos ribeirinhos do rio Xingu: jogos de linguagem e formas de resistência”. 

Dos 49 vencedores, três recebem o Grande Prêmio, que concede uma bolsa para estágio pós-doutoral em uma instituição internacional, por até 12 meses, além de certificado e troféu. Cada orientador recebe premiação de R$ 9 mil para participar de congresso internacional e o certificado de premiação, que também é entregue aos coorientadores e ao PPG. Parceiras da Capes, a Fundação Carlos Chagas e a Dimensions Sciences oferecem prêmios adicionais. 

“Ser pesquisador na Amazônia e sobre a Amazônia é um grande desafio”

Formigosa pesquisa a imersão em comunidades tradicionais desde sua graduação. Além da pesquisa, ele também atua com ensino e extensão na área. “Ao optar pela pesquisa na pós-graduação, desde a especialização, nessas comunidades, rememorava minha infância às margens do rio Paraná, em Bagre, na ilha do Marajó, onde nasci e vivi até meus 15 anos e onde minha família ainda reside”, explica, “e sentia que, a cada nova etapa da minha formação ‒ mestrado e doutorado ‒, essa relação se aprofundava e esse sentimento de pertencimento ao rio se aprofundava. Ser pesquisador na Amazônia e sobre a Amazônia é um grande desafio”.  

Tal fato desencadeou a vinculação do pesquisador, em 2016, como professor efetivo da Universidade Federal do Pará (UFPA), na Faculdade de Etnodiversidade do campus de Altamira, que atua diretamente com os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. “Fazer pesquisa com esses coletivos é um desafio, que se acentua mais ainda no contexto amazônico. Os recursos para esse fim são escassos e, quando disponibilizados, não atendem às especificidades da região, que tem sua vida conduzida, de forma acentuada, pelos rios”. Para o pesquisador, estar com esses coletivos, produzindo pesquisa, é desafiador, e ao mesmo tempo renovador, pois é possível encontrar sujeitos ‒ e isso inclui as crianças, que foram as protagonistas da pesquisa de doutorado ‒ com saberes diversos e que têm garantido que a floresta permaneça em pé. “Nesse sentido, o reconhecimento por meio do prêmio, mesmo nas adversidades, é a certeza de que minhas escolhas pessoais, acadêmicas e profissionais foram acertadas”. 

Para Formigosa, o prêmio tem dois significados especiais. “O primeiro é a superação de desafios financeiros para se fazer pesquisa nos territórios do interior da Amazônia e com os sujeitos que vivem nesses espaços, como os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, dentre eles os ribeirinhos. A conjuntura é desfavorável para financiamento de pesquisa, com recursos inexistentes ou muito escassos, em especial quando se trata de pesquisas desenvolvidas com povos e comunidades tradicionais, obrigando pesquisadores a desembolsar recursos próprios para o andamento das pesquisas”, explica. 

“O segundo significado é a legitimação das escolhas realizadas no decorrer do meu processo formativo, que tem relação direta com povos e comunidades tradicionais, desde minha graduação (a partir da imersão em grupos de pesquisas e outros coletivos que discutiam sobre educação do campo), que refletiram diretamente na escolha da minha atuação profissional”, emenda o doutor. 

“A Univates contribuiu de forma significativa para a qualidade desse trabalho por meio de sua infraestrutura, pela qual me apaixonei desde quando pesquisei na internet sobre a Instituição, quando ainda era um Centro Universitário, e que foi comprovada in loco quando participei presencialmente da seleção do doutorado em 2016”, lembra. Para Formigosa, outro fator que o atraiu à Universidade foi a forma de oferta do curso intensivo, pois assim não foi necessário pedir licença do trabalho para se mudar para Lajeado, sede da Instituição, para cursar as disciplinas do doutorado. 

Divulgação/Univates

A professora Ieda diz que o prêmio indica que sua trajetória de pesquisa está no caminho certo. “O prêmio sinaliza, por um lado, que as pesquisas que desenvolvo no Grupo Práticas, Ensino e Currículos (PEC/CNPq/Univates) ‒ na companhia de colegas pesquisadoras, estudantes de graduação e de pós-graduação e professores da Escola Básica ‒ são importantes vetores para que se repensem os processos de ensino, de aprendizagem e de avaliação, sobretudo no âmbito da Matemática e das Ciências da Natureza, nos mais diversos contextos e níveis de escolaridade”, assinala. 

“Por outro, aponta que o modo como fazemos pesquisa aplicada, tendo como premissa básica a parceria estabelecida com as escolas de Educação Básica, é uma possibilidade para aproximar a Universidade dos estabelecimentos de ensino e proporcionar a seus docentes pesquisar sobre a própria prática pedagógica, o que, inegavelmente, favorece avanços significativos na educação, como já evidenciado em inúmeras investigações”, complementa a docente.

Ela também ressalta o papel importante das parcerias na pesquisa. “Por isso, parcerias estabelecidas com secretarias e coordenadorias de educação e mantenedoras de escolas privadas são potentes para os resultados de nossas pesquisas. Em síntese, é uma indicação de que estamos no caminho certo no que se refere às investigações que produzimos”. 

“Nossos PPGs podem ser considerados jovens, sobretudo se comparados às instituições que, há muito tempo, ofertam vários programas. No entanto, geram importantes investigações, cujos resultados reverberam na sociedade, principalmente entre as populações mais vulneráveis e, por vezes, invisibilizadas, como a da pesquisa de Marcos”, pontua Ieda. “Em síntese, o prêmio atesta que nossa Instituição está cumprindo sua missão: gerar, mediar e difundir o conhecimento técnico-científico e humanístico, considerando as especificidades e as necessidades da realidade regional, inseridas no contexto universal, com vistas à expansão contínua e equilibrada da qualidade de vida”.  

Divulgação/Univates

O professor doutor Rogério Schuck, coordenador do PPGEnsino, também ressalta a importância da distinção recebida dada a idade do Programa. “O PPGEnsino da Univates completará 10 anos em 2023, e a conquista desse prêmio demonstra a qualidade do trabalho que o programa vem desenvolvendo na região do Vale do Taquari e no Brasil. É o reconhecimento público de todo um projeto em nível stricto sensu desenvolvido em equipe”, assegura. 

“Não se trata de uma conquista isolada entre orientadora e orientado, mas de um trabalho que logrou êxito graças ao espírito de coletividade com que o PPGEnsino desenvolve o seu trabalho. Isso envolve o cuidado, que vai desde as discussões e estudos promovidos em sala de aula, perpassando pela busca de referenciais teóricos e compreensão de contextos à luz do preconizado pela ciência”, estabelece Schuck, ressaltando a importância da colaboração para o fazer científico. 

“Para a Univates, é motivo de alegria e motivação para continuarmos contribuindo na construção do conhecimento de modo contextualizado e na certeza de auxiliar na reflexão com vistas à transformação, especialmente no meio em que estamos inseridos, no ensino”, afirma ele.  

Conhecendo a pesquisa de Formigosa

No doutorado, Formigosa estudou sobre os jogos de linguagem e semelhanças de famílias, expressos por um grupo de estudantes ribeirinhos em uma comunidade no rio Xingu, em Altamira, no sudoeste do Pará. Ao longo do trabalho, foram tomados como elementos de discussão alguns dos impactos da Hidrelétrica de Belo Monte, instalada no rio Xingu, na vida da comunidade, como a redução do pescado, obrigando os adultos pescadores a se deslocarem para comunidades mais distantes e a ficarem, dessa forma, mais longe de casa.

O pesquisador projeta se vincular a um futuro curso de mestrado em Estudos de Etnodiversidade, que está sendo desenvolvido pela UFPA. Esse curso objetiva a formação de pesquisadores nas populações tradicionais, povos quilombolas e indígenas, com vistas à produção de conhecimento e à ação pública, buscando fortalecer e mediar a tomada de decisões e construir políticas e programas para melhorar a garantia de direitos humanos e a sociobiodiversidade.

Saiba mais sobre o prêmio 

O prêmio, que neste ano recebeu 1.266 inscrições, é voltado às 49 áreas de avaliação da Capes. A relação dos 49 ganhadores e das menções honrosas foi publicada no Diário Oficial da União previamente neste ano. 

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