A professora e socióloga do Centro de Ciências Humanas e Jurídicas (CCHJ) da Univates Shirlei Mendes da Silva foi selecionada para lecionar durante o ano letivo de 2012 na Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL). Ela envia notícias periódicas das atividades desenvolvidas nesse país. Confira o último relato:
A ilha de Ataúro
Da ilha de Timor observo, em frente, a ilha de Ataúro, também pertencente ao estado timorense desde os tempos do colonialismo português. No último final de semana visitei a pequena ilha, com sua população de cerca de 10 mil habitantes. Peguei o barco Berlin-Nacroma, doação do governo alemão, que transporta carros, motos, bicicletas, passageiros, mercadorias e animais. O barco segue carregado para Ataúro e a viagem ocorre somente aos sábados. Quem quiser ter acesso ao ar fresco deve estar disposto a partilhar o espaço com dezenas de pessoas e, principalmente, crianças, muitas crianças. A média de filhos é de 5,7 por família, aqui em Timor, segundo o último senso realizado pelo governo em 2010 (fenômeno, aliás, bem comum em países pós-conflito). O Nacroma faz o trajeto até Ataúro em duas horas (de lancha voltei em 50 minutos).
Chegando na vila (ou centro da ilha) hospedei-me na pousada dos padres Xico e Luis, dois italianos que viveram no Brasil nos 70. Conversei com padre Luis, que morou nas periferias de São Paulo e de Fortaleza durante 34 anos e, desde 2004, reside em Ataúro. A pousada dos padres fica em frente à famosa loja das Bonecas de Ataúro (www.bonecasdeatauro.com), uma “tradição” da ilha. Na verdade descubro que a confecção das bonecas foi idealizada por uma suiça que chegou à ilha e começou um trabalho comunitário com as mulheres para auxiliar as famílias. O projeto tem o apoio do Instituto Camões, de Portugal.
Além das bonecas, há um pequeno artesanato local, com biojoias confeccionadas com coco e sementes locais e os bonecos em madeira, talhados por artesãos que vivem de forma muito humilde. Esta é a forma de atrair os turistas, que se ocupam de passeios e mergulhos pelas águas transparentes e recheadas de estrelas do mar coloridas. O mergulho é sensacional.
Shirlei Ines Mendes da Silva
de Díli, Timor-Leste