"Vivemos num tempo no qual nossas crianças nasceram na era do consumo e são persuadidas para seguir as lições da educação continuada ou para o eterno ato de consumir", disse ela no início de sua fala, ressaltando que não podemos mais pensar a identidade infantil sem levar em conta a educação para o consumo.
Saraí também defendeu que Educação e Comunicação são duas áreas que trabalham muito com a infância. Segundo ela, os profissionais do ensino atuarão sobre as crianças de nossa época, já os da comunicação tomarão a infância como público-alvo para a venda de inúmeros produtos. "Ambos estarão ativamente empenhados na produção de representações bastante específicas da infância", afirmou. Ela disse ainda que, como hoje é a criança quem decide tudo em casa, ela está sendo abocanhada pelas estratégias publicitárias.
"As certezas que configuravam o nosso olhar, o nosso entender e o nosso agir sobre as crianças já não são (e nunca serão) os mesmos. Durante muito tempo as crianças viviam o mundo adulto pela sua falta de visibilidade e hoje, ao contrário, estão cada vez mais inseridas nos hábitos e costumes 'dos grandes', justamente pelo fato de terem visibilidade em demasia, com o significativo investimento no marketing infantil", observou Saraí.
A jornalista destacou que a educação para o consumo desempenha um papel fulcral em uma engrenagem que visa manter em circulação permanente os materiais e os desejos de consumo. "A alegria está nas compras, no ato de consumir e não no processo de aquisição e posse. Numa sociedade de mercado, tudo é tratado como mercadoria, inclusive a infância", disse.
O evento foi prestigiado por alunos e professores, especialmente dos cursos de Pedagogia, Psicologia e Comunicação Social, e prosseguiu, na segunda metade da noite, com debate entre os participantes.
Texto: Tamara Bischoff