Utilizamos cookies neste site. Alguns são utilizados para melhorar sua experiência, outros para propósitos estatísticos, ou, ainda, para avaliar a eficácia promocional do nosso site e para oferecer produtos e serviços relevantes por meio de anúncios personalizados. Para mais informações sobre os cookies utilizados, consulte nossa Política de Privacidade.

Professora relata cotidiano no Timor-Leste

Por -

Postado em


Compartilhe

A professora e socióloga do Centro de Ciências Humanas e Jurídicas (CCHJ) da Univates Shirlei Mendes da Silva foi selecionada para lecionar durante o ano letivo de 2012 na Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL). Ela enviará notícias periódicas das atividades que serão desenvolvidas nesse país.

Professores das áreas de Ciência Política, Sociologia, Português, Matemática, Engenharia, Biologia, Física, Química e Educação Física integrarão o processo de reconstrução identitária do país.

Confira o relato abaixo:

Adaptação ao Timor-Leste

Depois da primeira semana em Díli (Timor-Leste), vou descobrindo a diversidade e os contrastes locais. O fato de ser uma estrangeira tem suas singularidades, claro. Aqui somos os malais (brancos), pois a população, em geral, é descendente de aborígenes com traços muito específicos. O povo tem uma estatura pequena e, culturalmente, assemelha-se aos asiáticos (embora não saiba determinar de qual região da Ásia...).

Meu imaginário sobre o Oriente asiático funciona para catalogar a diversidade local. Aliás, sempre que nos encontramos com o outro, com o diferente, precisamos criar categorias de análise para enquadrá-lo em determinadas situações. Parece que esta é a grande experiência que a Antropologia nos legou: descobrir o outro é descobrir-se a si mesmo, é olhar-se em alguma espécie de espelho cultural, detectar as diferenças e as semelhanças e, a partir daí, entregar-se ao jogo das relações sociais produzidas processualmente (aqui a ideia de processo social é fundamental).

Aqui em Timor este encontro com o outro surpreende, pois desde 1999, quando ocorre a independência do país e o fim da ditadura indonésia, a língua oficial passa a ser o português, mas, para minha surpresa, nas ruas, pouca gente fala o português. Portanto, precisamos aprender o "tétum", a outra língua local usada nacionalmente. Este é o desafio para as próximas semanas...

Desde a semana passada, os professores brasileiros já estão instalados na UNTL. Estou lotada na Faculdade de Ciências Sociais, no curso de Ciência Política. Fui apresentada aos meus colegas timorenses, com quem divido a sala. Poucos falam português. Por isso, é importante o convívio com os brasileiros para incentivar a conversação. Já estou elaborando as ementas das disciplinas do curso, em português. E amanhã começam as aulas. Minha primeira turma será de Introdução à Sociologia. Aos poucos, os alunos vão se aproximando e percebo que eles falam português melhor que alguns professores. Isto ocorre porque foram alfabetizados depois de 2000, quando a língua oficial, votada durante o Plebiscito de 30 de agosto de 1999, foi o português.

Estou estudando a história da ditadura Indonésia em Timor. A violência física e a cultural foram enormes. Desde 1975 os timorenses foram proibidos de falar português e obrigados a falar a língua indonésia, o Bahasa. Aos poucos, percebo que muitos dos meus colegas timorenses estiveram envolvidos na luta pela libertação do Timor. São muitas histórias a contar. Sigo no meu próximo relato.


Shirlei Mendes da Silva
De Díli, Timor-Leste

Fique por dentro de tudo o que acontece na Univates. Escolha um dos canais para receber as novidades:

Compartilhe

voltar