Realizar um intercâmbio acadêmico é uma oportunidade transformadora que pode impulsionar tanto o desenvolvimento pessoal quanto o profissional dos estudantes. Para Claudionor Nunes Cavalheiro e Fábio Correia de Rezende, alunos do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEnsino) da Universidade do Vale do Taquari - Univates, essa experiência foi enriquecedora em todos os aspectos. Durante o período que passaram no exterior, ambos tiveram a chance de vivenciar culturas diferentes, expandir redes de contato e aprofundar conhecimentos em suas áreas de estudo.
Entre os meses de setembro e novembro de 2024, Cavalheiro viveu na cidade de Maule, no Chile, e estudou na Universidad Católica del Maule (UCM). Por lá, o acadêmico realizou pesquisas para dar continuidade ao desenvolvimento de sua tese de doutorado, que aborda as contribuições da Metodologia Callejera para o ensino da Educação Física em contextos profissionais e tecnológicos. As diferenças culturais e a língua foram desafiadoras, mas também enriquecedoras. Apesar das dificuldades iniciais, fiquei impressionado com a receptividade e o acolhimento do povo chileno, que tornou o processo da adaptação mais leve e inspirador, comenta Cavalheiro.
A experiência acadêmica me impactou muito. Na vivência e convivência com os alunos do curso de Pedagogia em Educação Física da UCM, pude constatar a preocupação que todos têm com a busca por soluções colaborativas para as dificuldades do ensino, o que me inspira a repensar o processo educacional. Culturalmente, absorvi valores de convivência e respeito que enriqueceram meu olhar sobre as práticas educacionais, destaca o estudante.
Ele acrescenta que, durante o programa de doutorado sanduíche, conheceu novos autores e práticas esportivas ainda pouco exploradas no Brasil, refletiu sobre a inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educação e no esporte e aprofundou sua capacidade de análise crítica e adaptabilidade.
O também doutorando Rezende viajou para Lisboa, em Portugal, para estudar na Universidade de Lisboa (ULisboa), uma das maiores da Europa, de setembro a novembro de 2024. No Instituto de Educação, ele analisou tarefas relacionadas ao pensamento computacional que são apresentadas nos livros didáticos de matemática no Brasil e em Portugal. Em termos acadêmicos, pude refletir sobre técnicas de pesquisa para eficientizar as investigações em andamento. Além disso, durante os encontros com outros doutorandos e professores estrangeiros, conheci outros jeitos de fazer pesquisa. A experiência me trouxe muito desenvolvimento profissional, pois me familiarizou com diversas formas de atuação e de intervenções para proporcionar educação básica de qualidade, além de ter me permitido participar de eventos e conhecer pessoas de países como Alemanha, Itália, França, Espanha e China, diz o estudante.
Embora compartihem o mesmo idioma, Brasil e Portugal são países que têm culturas distintas, o que se reflete nas abordagens educacionais, nas metodologias de ensino e nas relações interpessoais no ambiente acadêmico. As diferenças nas expressões culturais, nas tradições e no modo de lidar com o aprendizado são notáveis, conforme explica Rezende.
Um desafio foi compreender a língua local. Há muitas diferenças entre o português do Brasil e o de Portugal, especialmente no sotaque. Como o inglês é muito utilizado nas universidades estrangeiras, também precisei me acostumar a ele, usando tradutores online para entender pontos específicos de artigos com temáticas complexas. No contexto cultural, destaco a questão da alimentação. Sempre procurava experimentar pratos novos para não sentir saudades da comida brasileira, nosso bom arroz e feijão, relembra Rezende.
Os intercambistas são mensageiros da Univates
Para Rogério José Schuck, coordenador PPGEnsino da Univates, o maior benefício do intercâmbio acadêmico é a experiência e a inserção em outra cultura. Nesse processo, a pesquisa e a investigação realizadas pelo aluno naquela realidade são fundamentais. Essa vivência só é possível quando o estudante tem a oportunidade de se inserir em um contexto que não conseguimos oferecer localmente. Assim, tanto o intercambista quanto o PPG se beneficiam, afirma o professor.
Os intercambistas são mensageiros da Univates. Eles atuam ampliando a teia de relacionamentos institucionais e fortalecendo a internacionalização do PPG, levando consigo os orientadores*, que lhes garantem o devido acompanhamento, finaliza Schuck.
*Na Univates, as pesquisas de Cavalheiro e Rezende são orientadas pelos professores Derli Juliano Neuenfeldt e Maria Madalena Dullius, respectivamente.