A cerimônia de encerramento do X Festival Escolar Regional de Cinema e Literatura - Crônicas de José Falero reuniu estudantes e professores no Teatro da Universidade do Vale do Taquari - Univates em uma noite de celebração. O evento, que aconteceu em 12 de novembro e é uma iniciativa do projeto de extensão Linguagens: Palavras e Imagens, premiou os melhores vídeos dos estudantes do Ensino Médio, que adaptaram com criatividade e sensibilidade os textos do escritor gaúcho conhecido por abordar temas sociais em suas obras.
O Festival foi disputado pelos estudantes em duas fases. Participaram da primeira fase (eliminatória) todos os alunos cujas escolas enviaram os materiais exigidos em edital. A proposta desta edição era adaptar as crônicas de Falero reunidas na obra Mas em que mundo tu vive?. Uma equipe do projeto de extensão ficou responsável por selecionar os vídeos classificados à etapa final do concurso.
Foram inscritos 16 vídeos, de cinco escolas da região: Escola Estadual Presidente Castelo Branco (Castelinho), Colégio Sinodal Conventos e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), de Lajeado; Escola Estadual de Ensino Médio Doutor Ricardo, de Doutor Ricardo; e Colégio ESI São José, de Roca Sales. Desses, oito se classificaram para a fase final.
Na noite do evento, os vídeos selecionados foram apresentados a um júri técnico, formado por pessoas envolvidas com cultura, literatura e cinema. A plateia presente no Teatro também pôde votar no seu vídeo preferido. Os trabalhos foram premiados nas seguintes categorias: melhor filme júri popular, melhor filme júri técnico, melhor ator/atuação, melhor atriz, melhor edição, melhor som e melhor produção (confira a lista com as produções vencedoras clicando aqui).
Havia uma expectativa e uma alegria genuínas dos estudantes e das professoras que participaram - todos estavam animados e emocionados, recorda Flávio Roberto Meurer, coordenador do projeto de extensão Linguagens: Palavras e Imagens e um dos organizadores do Festival.
Meurer acrescenta que o espírito de competição trouxe uma empolgação para a produção dos vídeos. Neste ano, incluímos na premiação as categorias melhor som, melhor produção e melhor edição, e notamos que houve um esmero maior nesses quesitos em relação ao ano passado. Acreditamos que o nível aumentará nas próximas edições, ampliando ainda mais a cultura do audiovisual na região, destaca o professor.
A Univates tem buscado incentivar o desenvolvimento da capacidade de interpretação e reflexão dos estudantes do Ensino Médio sobre as diversas linguagens. Vimos um bom potencial em conectar a linguagem literária, tradicionalmente trabalhada na escola, com a linguagem audiovisual, tão familiar aos jovens, que estão acostumados a usar as novas tecnologias para consumir e realizar vídeos. No entanto, buscamos estimular um olhar mais reflexivo sobre como produzimos sentido por meio dessas linguagens. Nosso desafio é conseguir envolver mais escolas e mais estudantes, para ampliar o que eu chamo de cultura do audiovisual. Esperamos poder chegar a mais escolas com as atividades do projeto de extensão, explica Meurer.
O ensino só é eficiente quando consegue dialogar com as experiências e o universo de quem aprende
O vídeo de uma turma de estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Doutor Ricardo foi premiado em três categorias: melhor ator/atuação, melhor filme júri popular e melhor filme júri técnico, evidenciando o talento e a dedicação dos alunos e da professora Ana Júlia Teló (diplomada em Letras pela Univates) na adaptação da crônica Sobre o direito à cidade.
O processo de produção do vídeo foi intenso e contou com a grande colaboração dos estudantes durante as aulas. Logo após termos participado de uma oficina sobre Roteiro e Escaleta com o professor Flávio, iniciamos a adaptação da crônica em formato de roteiro de curta metragem. Durante as gravações, todos demonstraram extrema dedicação. Criou-se um ambiente colaborativo em que cada estudante se sentiu parte fundamental do projeto, comenta Ana Júlia.
Ana Júlia afirma que trabalhar com um tema social presente na realidade dos estudantes foi uma oportunidade única de refletir sobre questões que eles vivenciam no dia a dia. Meu objetivo como professora é criar experiências significativas, conectando os assuntos abordados em sala de aula com a vida. O tema direito à cidade abriu espaço para reflexões sobre desigualdade social, acesso a direitos básicos e a importância de valorizar as vozes de quem vive em áreas periféricas ou no interior. Abordar esse tema possibilitou que os estudantes refletissem sobre como determinadas limitações afetam suas perspectivas e sonhos, enquanto também os motivou a pensarem em alternativas para melhorar suas comunidades, pontua.
Preciso dizer que meus alunos são incríveis e que me sinto muito feliz com o acolhimento que recebo deles. Sei o quanto cada estudante se dedicou para o projeto ter os frutos que teve. A turma arrasou e levou os prêmios para casa porque foi incansável em seus esforços, finaliza Ana Júlia, que, assim como Rubens Alves, acredita que o ensino só é eficiente quando consegue dialogar com as experiências e o universo de quem aprende.
Quem é José Falero?
José Falero nasceu em um bairro periférico de Porto Alegre em 1987. Sua origem humilde e seu olhar crítico sobre as realidades sociais fizeram dele uma das vozes mais autênticas da literatura brasileira contemporânea.
Em 2021, Falero foi ganhador do Prêmio AGES com o livro Os Supridores. Em 2022, foi finalista do Prêmio Jabuti com a obra Mas em que mundo tu vive?.