Em resposta à crescente degradação das matas ciliares e às recorrentes inundações no Vale do Taquari, o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari divulgou recentemente uma nota técnica com orientações para a recuperação e conservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas. A iniciativa, que inclui uma série de ações integradas, visa a aumentar a resiliência climática da região e a proteger a biodiversidade local. O documento pode ser conferido por meio deste link.
As matas ciliares, que margeiam os cursos dágua, são fundamentais para a proteção do solo e da água, além de abrigarem uma alta diversidade de espécies vegetais e animais. No entanto, a expansão da agricultura, da pecuária e da urbanização, associada a práticas inadequadas de uso do solo, tem reduzido drasticamente essas áreas ao longo das últimas décadas. Segundo o levantamento do Movimento Pró-Matas Ciliares realizado a partir de dados do Mapbiomas (2022), apenas 31,64% das APPs da região ainda mantinham alguma formação florestal. A situação atual, em 2024, é ainda mais grave.
Principais recomendações do documento
Diante desse cenário preocupante, o Movimento destacou a necessidade de ações coordenadas que envolvam agricultores, gestores públicos e a sociedade civil. Entre as recomendações prioritárias estão:
1. Proteção ambiental: implementação da análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA) em nível estadual, como previsto na legislação vigente.
2. Restauração ecológica: incentivo à restauração das matas ciliares com espécies nativas da região, especialmente nas margens dos cursos dágua e nascentes.
3. Urbanização sustentável: readequação de áreas de risco e promoção de técnicas de drenagem urbana que favoreçam a infiltração da água, eliminando a canalização e a impermeabilização do solo.
4. Agricultura sustentável: apoio a práticas agrícolas regenerativas, conciliando produção e conservação ambiental por meio de sistemas agroflorestais.
5. Erradicação de espécies invasoras: adoção de medidas para remover espécies exóticas que prejudicam a vegetação nativa nas APPs, garantindo a preservação do ecossistema local.
Impactos das inundações e a recuperação das matas ciliares
O recente histórico de inundações na região, como as que ocorreram em maio de 2024 no Vale do Taquari, revelou a urgência de medidas para mitigar os impactos de eventos climáticos extremos. Segundo os especialistas do Movimento, a degradação das margens dos rios e o uso inadequado do solo têm amplificado os efeitos das enchentes e secas, prejudicando tanto o ambiente quanto as comunidades ribeirinhas.
A restauração das matas ciliares é uma resposta concreta para enfrentar os desafios ambientais que a nossa Bacia enfrenta. É fundamental restaurar as APPs com espécies nativas e garantir que a gestão hídrica seja sustentável e resiliente, destaca a professora Elisete Maria de Freitas, docente dos cursos de Pós-Graduação da Univates e coordenadora do Laboratório de Botânica da Instituição, que pesquisa o tema há anos.
Próximos passos e envolvimento da comunidade
O Movimento também propõe ações de educação ambiental para combater desinformações sobre a vegetação nativa e envolver a comunidade no processo de recuperação das áreas degradadas. A criação de parcerias entre instituições públicas, privadas e ONGs é vista como essencial para o sucesso das medidas propostas.
Além disso, o Movimento sugere o mapeamento detalhado das áreas de risco e a proibição de construções em zonas vulneráveis, priorizando a segurança da população e a proteção dos ecossistemas.