Uma pesquisa recentemente conduzida com bombeiros militares em um quartel no interior do estado do Rio Grande do Sul revelou lacunas no acompanhamento de saúde desses profissionais. O estudo, realizado com 18 bombeiros, identificou uma carência de ações voltadas para a promoção da saúde no ambiente de trabalho.
O estudo é assinado por Paulo Cézar Franz, Paula Michele Lohmann, Aline Patrícia Brietzke, Camila Marchese e Adriana Calvi, grupo de docentes e um acadêmico do curso de Enfermagem da Universidade do Vale do Taquari. A pesquisa pode ser conferida neste link.
Como o estudo foi realizado
A distribuição etária dos participantes variou, com a maioria tendo entre 33 e 37 anos. O tempo de atuação no Corpo de Bombeiros também foi diversificado. Essas características ajudam a contextualizar as necessidades de saúde dos bombeiros, de acordo com suas fases de vida e experiência profissional.
O estudo qualitativo, exploratório e descritivo buscou compreender a realidade da saúde dos bombeiros militares e as estratégias de promoção da saúde oferecidas pelo quartel. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas que abordaram questões relacionadas ao uso de medicamentos, afastamentos por doenças, busca por serviços de saúde e ações de promoção da saúde.
Os dados coletados foram analisados de acordo com a Resolução Ministerial do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Coep) da Universidade do Vale do Taquari - Univates. A pesquisa utilizou uma amostra representativa dos bombeiros que atuam no quartel, com exclusão de profissionais em licença saúde ou férias.
Os resultados
Os resultados mostram que a maioria dos bombeiros não faz uso regular de medicamentos, com apenas três dos entrevistados mencionando o uso de medicamentos específicos. Esse dado é relevante, pois indica que os bombeiros não têm um histórico generalizado de tratamento medicamentoso contínuo.
A pesquisa revelou, no entanto, que 50% dos bombeiros precisaram se afastar do trabalho por motivos de saúde, que variam desde pneumonia e cálculo renal até cirurgias e covid-19. Esses afastamentos destacam a necessidade de uma abordagem mais estruturada sobre a saúde dos profissionais, considerando a natureza do trabalho que realizam.
Sobre a busca por serviços de saúde, a maioria dos participantes relatou ter procurado atendimento nos últimos meses. As razões para essas consultas incluíram problemas de saúde mental, acompanhamento psiquiátrico e psicológico, além de questões físicas como sinusite e exames periódicos. Apenas três bombeiros informaram não ter buscado atendimento médico recentemente.
Em relação às ações de promoção da saúde no quartel, o estudo apontou que a principal oferta é uma academia para a prática de atividades físicas. No entanto, os resultados mostram que 44,4% dos entrevistados afirmaram que não há ações específicas de promoção da saúde, destacando uma lacuna nas estratégias de cuidado com a saúde dos bombeiros.
Alguns bombeiros mencionaram a existência de convênios de saúde e atendimento médico como benefícios oferecidos pelo quartel, mas esses relatos foram intercalados com afirmações de falta de ações de promoção de saúde, o que sugere uma necessidade de mais clareza e organização nas iniciativas voltadas ao bem-estar dos profissionais.
A pesquisa também revelou preocupações com o adoecimento psicológico dos bombeiros. Um dos participantes destacou que a equipe enfrenta uma situação de adoecimento psicológico, uma questão que merece atenção especial, considerando o impacto emocional que o trabalho pode ter.
Conclusões
O estudo concluiu que há uma carência de ações específicas voltadas para a promoção da saúde dos bombeiros militares no quartel pesquisado, no geral. A ausência de um programa estruturado para cuidar da saúde desses profissionais é uma questão crítica, dado o impacto potencial em sua qualidade de vida e desempenho no trabalho.
A falta de ações de promoção da saúde no quartel é uma preocupação que precisa ser abordada com urgência. A implementação de programas de saúde mais robustos e integrados pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos bombeiros e, por conseguinte, para a eficácia do serviço que prestam à comunidade.
Este estudo destaca a importância de continuar pesquisando e promovendo melhorias nas condições de saúde dos bombeiros. A compreensão mais profunda das necessidades desses profissionais pode levar à formulação de estratégias mais eficazes para garantir um ambiente de trabalho mais saudável e seguro.
A pesquisa concluiu que é necessário um olhar mais atento e uma abordagem mais holística para a saúde dos bombeiros, com o objetivo de garantir que eles recebam o suporte necessário para manter sua saúde física e mental em boas condições. A continuidade dos estudos e a implementação de ações eficazes são fundamentais para alcançar esses objetivos.