Após as enchentes históricas de setembro de 2023 e maio de 2024, arqueólogos vinculados ao Laboratório de Arqueologia (Labarq) do Museu de Ciências e ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Universidade do Vale do Taquari - Univates estão trabalhando com a proteção de vestígios de civilizações antigas no Vale do Taquari. Cerâmicas e ferramentas de pedra foram expostas pela força das águas, revelando costumes de povos indígenas Guarani.
Os artefatos, descobertos em várias cidades, incluindo Roca Sales, estão sendo prospectados e preliminarmente analisados com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Arqueólogos da Univates, sob a liderança da professora Neli Teresinha Machado, estão à frente das pesquisas. Os materiais encontrados, como cerâmicas Guarani e ferramentas de pedra lascada, remontam a ocupações de mais de 3 mil anos.
As enchentes recentes trouxeram à tona novos vestígios, intensificando os esforços de pesquisa e a necessidade de financiamento para continuar os estudos. A equipe aguarda autorização e recursos do Iphan para trabalhar e prospectar novos achados, mantendo os artefatos em seu contexto original para preservar informações.
Neli destaca a importância de a população não interferir nos locais dos achados e apela para que a comunidade informe qualquer descoberta ao Laboratório de Arqueologia da Univates, reforçando que a coleta inadequada dos artefatos pode destruir dados importantes para a ciência arqueológica. Para informar descobertas arqueológicas, a Univates pode ser contatada pelo telefone (51) 3714-7000, ramais 5563 e 5504.
A preservação desses objetos é muito importante para compreender a história e a cultura das sociedades antigas que habitaram a região. Os estudos arqueológicos também contribuem para entender mudanças ambientais e climáticas ao longo do tempo, uma vez que as diversas comunidades que habitaram as margens do Rio Taquari desenvolveram diferentes modos de relação com o rio.
Pesquisas arqueológicas no Brasil são regulamentadas pelo Iphan, que exige um rigoroso processo de autorização, o qual foi concedido à Univates, que já trabalha na região com os temas da arqueologia. Os estudos na região já identificaram mais de 100 pontos com vestígios e cadastraram mais de 80 sítios arqueológicos, revelando uma rica herança cultural que inclui desde artefatos indígenas até remanescentes de imigrantes europeus.