O ato de comunicar envolve três elementos básicos: o emissor, a mensagem e o receptor. Embora pareça simples, esse processo é complexo, pois não há possibilidade de controlar qualquer uma dessas etapas plenamente. O emissor e o receptor de uma mensagem trazem consigo suas particularidades de interpretação, interesses, experiências e o momento que estão vivenciando. Na prática, a mensagem que o emissor pretende transmitir nem sempre é compreendida da mesma forma pelo receptor.
Uma das formas de reduzir ruídos de comunicação é adotar estratégias eficientes, como objetividade, vocabulário adequado e respeito. Outro aspecto que pode contribuir para reduzir dificuldades e desencontros de objetivos é adotar uma combinação de comunicação escrita, verbal e corporal. Nesse sentido, temos alguns clichês do senso comum, como: A comunicação não é apenas o que você diz, mas como você diz, A comunicação não é o que você fala, mas o que o outro entende ou, ainda, recorrendo ao filósofo francês Voltaire, A escrita é a pintura da voz.
É possível discutir se a escrita tem mesmo o poder de ser a pintura da voz, mas para alcançar essa proeza é provável que uma das competências necessárias seja a da boa escrita. Por isso, neste artigo, sentimos a necessidade de debater sobre a habilidade de comunicação escrita.
A capacidade de articular pensamentos de maneira clara e eficaz por meio da escrita é fundamental em diversas áreas da vida, incluindo os ambientes profissional e educacional. No ambiente profissional, a comunicação escrita abrange desde mensagens de texto, relatórios, projetos e propostas de negócios bem redigidos até documentação técnica e registros formais, refletindo as práticas e o padrão de qualidade da organização. A comunicação escrita, seja com colaboradores, acionistas, clientes, fornecedores ou parceiros, é uma das habilidades mais estratégicas de um empreendimento, uma vez que a ausência de processos mapeados e descritos corretamente pode gerar insegurança, tomada de decisões equivocadas, gestão ineficiente e conflitos desnecessários.
Na educação, a comunicação escrita permite que o estudante expresse ideias, demonstre entendimento de conceitos e desenvolva habilidades críticas de pensamento e análise. Além disso, a prática da escrita ajuda a aprimorar saberes linguísticos e a se preparar para desafios acadêmicos e profissionais. A partir da nossa experiência, temos observado estudantes com muita dificuldade de escrever de forma coesa, argumentativa e ortograficamente correta, mesmo diante de tantos recursos tecnológicos e acesso a informações. Isso evidencia o quanto as tecnologias da informação por si só não geram conhecimentos e transformações.
A inteligência artificial, por exemplo, deve ser usada para aprimorar a intelectualidade, e não para substituir a capacidade humana de pensar e escrever. Os efeitos do copiar e colar são o empobrecimento do aprendizado, da autoria e da empregabilidade. Não há problema em recorrer à inteligência artificial, contanto que você mantenha o controle e essa comodidade não leve ao atrofiamento da sua inteligência.
Bernardete B. Cerutti é doutora em Desenvolvimento Regional (Unisc). É professora da Univates nos cursos presenciais e a distância da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Luciane Franke é doutora em Economia do Desenvolvimento (UFRGS). Professora no Curso de Administração de Empresas da Univates.