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Estudo realizado por estudante do curso de Farmácia da Univates avaliou os parâmetros de qualidade de três xampus de cetoconazol 2%

Postado as 29/06/2023 09:59:43

Por Paulo Émerson Cardoso da Silva

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A dermatite seborreica, popularmente conhecida como caspa, atinge 50% da população mundial e é considerada uma doença crônica, não contagiosa. Ela se manifesta em partes do corpo onde existe maior produção de óleo pelas glândulas sebáceas ou a presença de um fungo, o Pityrosporum ovale.

O cetoconazol é um antifúngico caracterizado por apresentar três átomos de carbono e dois átomos de nitrogênio, formando um núcleo chamado de imidazol. A medicação tem como mecanismo de ação a inibição da biossíntese (processo em que são produzidos compostos químicos complexos nos organismos vivos) do ergosterol, importante componente para a formação da membrana celular fúngica. Dessa forma, o cetoconazol apresenta atividade fungicida. 

Para o tratamento da dermatite seborreica, a concentração 2% é a mais eficaz e, por ser largamente receitada, a produção dos xampus de cetoconazol é muito comum em farmácias de manipulação. Sabe-se, porém, que a estabilidade desses xampus é dificultada pelo alto quantitativo de matérias-primas em pó adicionadas à formulação.

O estudo “Análise de estabilidade físico-química de xampus de cetoconazol manipulados”, desenvolvido pela estudante do curso de farmácia Caroline Rapellini da Universidade do Vale do Taquari - Univates e publicado pela Revista Eletrônica Multidisciplinar de Investigação Científica - REMICI, tem como objetivo avaliar a estabilidade físico-química dos xampus de cetoconazol 2% manipulados e comparar com um xampu de cetoconazol 2% industrializado, a fim de analisar se os testes de controle de qualidade estão sendo seguidos conforme o que preconizam as RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nos 67 e 68, de outubro de 2007. 

Metodologia 

Por meio de um estudo quantitativo e de caráter experimental, foram analisadas três amostras de 100mL de xampu de cetoconazol 2% manipuladas em diferentes farmácias do interior do estado do Rio Grande do Sul e uma amostra de xampu de cetoconazol 2% industrializado de uma marca reconhecida no mercado. 

As amostras foram encaminhadas para o laboratório do curso de Farmácia da Univates, sendo as amostras manipuladas identificadas como A, B, C e a amostra industrializada como REF. Para chegar aos resultados finais, foram realizadas diversas análises, sendo elas: ensaios de controle de qualidade, determinação da viscosidade, determinação de pH (potencial hidrogeniônico), determinação de densidade, teste de centrífuga, ensaios organolépticos e índice de espuma.   

O que mostram os resultados

É aconselhável que os xampus de uso diário tenham o pH na faixa de 5 a 7, porque com pH acima de 7 irá abrir as cutículas dos cabelos mais profundamente. Assim, um xampu que apresenta pH neutro é melhor para os cabelos que um de pH alcalino, porém o ideal é que ele possua um pH levemente ácido.

O xampu de referência possui pH 6,4, sendo considerado neutro e levemente ácido. As amostras manipuladas apresentam pH mais baixo. Das três analisadas, a amostra C foi a que mais teve o valor de pH próximo à amostra de referência. Quanto ao valor de pH fisiológico do fio de cabelo, a amostra B se mostrou com um pH bastante ácido. 

A viscosidade está relacionada à qualidade do produto. Conforme a literatura, a viscosidade dos xampus deve estar entre 2000 e 5000 cPS (centipoise, unidade de medida de viscosidade). As amostras A e B não atingiram de forma satisfatória os parâmetros de viscosidade.

Em relação à densidade, não há parâmetros oficiais para xampus, porém para xampus e sabonetes líquidos considera-se 1,010 e 1,020 g/mL (grama por mililitro) como um resultado aceitável. Os resultados das análises variaram de 1,037 a 1,059 g/mL. Assim, nenhuma das quatro formulações estão de acordo com os parâmetros de qualidade.

A espuma não influencia na qualidade do produto, porém o consumidor a associa à sua eficácia. A amostra A foi a que mais se aproximou dos resultados do xampu de referência. A amostra B teve maior índice de espuma inicial e de repouso comparado com o de referência. E a amostra C teve um índice de espuma menor. 

Por meio do estudo pode-se concluir que os testes de qualidade não estão sendo realizados de forma adequada em todos os laboratórios farmacêuticos analisados, podendo, ao mesmo tempo, se tratar de um erro de lote. 

 

Matthews Tkocz - Unsplash

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