O ensino de Ciências é uma área da educação que tem como objetivo familiarizar os estudantes aos conceitos científicos e às práticas experimentais que envolvem a natureza, a vida e o universo. Essa área de ensino tem como base as disciplinas científicas, como a Física, a Química, a Biologia e a Geologia, que são utilizadas para compreender os fenômenos naturais e como o mundo funciona.
A professora Andreia A. Guimarães Strohschoen, que atua no curso de Medicina e nos Programas de Pós-Graduação em Ensino (PPGEnsino) e em Ensino de Ciências Exatas (PPGECE) da Universidade do Vale do Taquari - Univates, aborda as perspectivas e tendências para o ensino de Ciências no artigo a seguir.
O ensino de Ciências é uma forma de possibilitar aos estudantes uma compreensão mais ampla e aprofundada do mundo ao seu redor, permitindo-lhes participar de discussões sobre questões científicas e tecnológicas importantes, bem como prepará-los para carreiras nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Tendências no ensino de Ciências: provocações constantes
Por Andreia A. Guimarães Strohschoen, professora do curso de Medicina, do PPGECE e do PPGEnsino
Considerando a modernidade líquida que vivemos na atualidade, como o filósofo Zygmunt Bauman nos instiga a pensar, o ensino de Ciências tem passado por profundas mudanças. Mudanças essas que nem sempre alcançam as salas de aula, que muitas vezes não conseguem congruência com a sociedade líquido-moderna em que vivemos, por diferentes fatores.
O ensino de Ciências, preconizado pela legislação educacional vigente, busca proporcionar aos estudantes, nos diferentes níveis de ensino, o contato com os processos da investigação científica. Esta tem se mostrado fundamental para o desenvolvimento da alfabetização científica dos estudantes. Primeiramente, é importante entender que o estudo de Ciências é um conhecimento que fornece elementos para a compreensão do mundo e de suas transformações, fundamentais para a sociedade, para pensarmos em sustentabilidade, consumismo, degradação ambiental, papel do cidadão e suas escolhas, e tantos outros temas críticos na atualidade.
Observamos que, à medida que o ensino de Ciências busca a alfabetização científica dos estudantes, é possível fortalecer o entendimento das ciências, almejando tornar as pessoas críticas, argumentativas, capazes de buscar e solucionar problemas. Nesse contexto, vemos que o ensino de Ciências deve partir de um processo em que se buscava por memorização, repetição de conceitos e reprodução de atitudes ultrapassadas para um processo em que o estudante alfabetizado cientificamente tenha entendimento e condições de modificar este mundo e a si mesmo por meio da prática consciente e responsável.
Neste ponto a investigação científica torna-se imprescindível, em que conhecer a história e a natureza da ciência, como ela se desenvolve, seus impactos na sociedade e evolução é fundamental para a escolha de como o ensino de Ciências deve ser desenvolvido nas escolas. O professor de Ciências é a peça-chave desse processo, o qual precisa considerar todas as mudanças tecnológicas e humanas que temos vivenciado, e a escola não pode se isentar de problematizar todas essas questões com seus alunos.
Cabe ao professor de Ciências considerar todas as mudanças necessárias para motivar os estudantes a conhecer e a produzir conhecimento científico, deixando de ser meros expectadores, podendo, no desafio da individualidade e subjetividade, reconhecer que habitamos a mesma casa, Gaia, como já nos lembrava o naturalista José Lutzenberger. Almejando a construção de uma sociedade efetivamente mais sustentável do ponto de vista ambiental e social. Contribuindo para a garantia da sobrevivência e da sustentabilidade de todas as espécies, incluindo a nossa.
Para o desenvolvimento dessas características, observa-se no ensino de Ciências a tendência atual de potencializar atividades que promovam a alfabetização científica dos estudantes, utilizando diferentes estratégias pedagógicas, principalmente aquelas norteadas pelas metodologias ativas de ensino e de aprendizagem. No tocante às metodologias ativas, ambos os atores, professores e alunos, devem participar ativamente de todos os processos de construção do conhecimento.
Ambos são responsáveis por essa construção, por meio do diálogo, da discussão, da problematização, da busca por conhecimentos já consagrados, da busca pela experimentação, a fim de alcançar a construção do novo, principalmente no desenvolvimento de uma pessoa alfabetizada cientificamente, que tem capacidade de argumentar, e é cidadão crítico, com um olhar mais sensível sobre si, suas fragilidades e potencialidades e sobre seus semelhantes.
Neste ponto retomo a sociedade líquida-moderna, citada no início deste artigo, como uma sociedade em que as condições mudam rapidamente. Não podemos, como professores de Ciências, desconhecer essa efemeridade, mas devemos aguçar nosso olhar investigativo e o dos nossos estudantes.
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