Os estudantes do componente Vivências em Território, dos cursos Pedagogia e Letras da Universidade do Vale do Taquari - Univates, ofertados na modalidade Aula+, realizaram, ao longo do semestre, uma série de ações voltadas a diferentes públicos.
O objetivo do componente é proporcionar aos estudantes vivências extensionistas com diferentes comunidades. A turma iniciou o semestre estudando o que é e como se faz extensão universitária. Na sequência, os estudantes conheceram diversos projetos de extensão da Univates, inclusive criando propostas voltadas a esses projetos, para escolherem um território e desenvolverem uma série de ações.
A turma, dividida em cinco grupos, realizou ações na Vovolar, com a Educação de Jovens e Adultos de escolas de Estrela e Lajeado, e com a Educação Infantil, nos municípios de Roca Sales e Santa Clara do Sul. Cerca de 100 pessoas estão sendo contempladas nas atividades dos 16 estudantes da disciplina.
Na Vovolar, as estudantes escolheram como tema uma visita ao passado por meio da música. As estudantes que realizaram ações em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) voltaram suas temáticas para o mercado de trabalho, sonhos para o futuro, a cidadania e o respeito às diferenças. Outro grupo, ainda, esteve estudando e recriando obras de Cândido Portinari representando brincadeiras na educação infantil.
Segundo a professora do componente, Garine Keller, as aulas foram dedicadas ao planejamento das ações e momentos de trocas de experiências. Às vezes os grupos organizaram uma ação e, quando chegavam ao território, há poucos participantes, ou nem tudo acontecia como pensado. Lidar com diferentes espaços, públicos e dinâmicas foi um desafio e um enorme aprendizado para os estudantes, que sempre reforçaram estar aprendendo mais do que ensinando. E é essa a essência da vivência extensionista.
Mapa dos sonhos
A estudante Gabriela Martins, de Bom Retiro do Sul, está cursando o último semestre do curso de Pedagogia. Para ela, participar da ação foi muito importante para minha formação tanto acadêmica quanto pessoal. O ponto positivo ao longo desse processo, na minha opinião, é a troca de experiências com pessoas de diversas idades. Ao longo da prática de extensão, houve muitos momentos em que os estudantes relataram vivências deles, assim como nós também compartilhamos as nossas com eles.
O contato com a extensão universitária foi propiciado pela docente Garine por meio de conversas dos estudantes com representantes dos projetos de extensão da Univates. Nesses momentos, nos quais tivemos a oportunidades de conhecer alguns projetos, compreendemos que a extensão universitária busca aproximar a comunidade com a academia. Ou seja, é um encontro de saberes, sendo assim, começamos a pensar nos nossos encontros: Qual será o território? Faixa etária?, explicou a estudante Gabriela.
O grupo decidiu trabalhar com o EJA, já que a maioria trabalha ou já trabalhou só com a educação infantil. Queríamos ter outras experiências com uma modalidade educacional diferente. Acredito que os encontros contribuíram para os adolescentes e adultos refletirem sobre a escolha profissional e caminhos para conquistar os sonhos deles. Esta atividade de extensão contribuiu também para incentivar eles a realizarem os seus sonhos, pois nunca é tarde para isso.
Os estudantes realizaram, no território, quatro encontros, em que buscaram valorizar e construir múltiplos saberes a partir das experiências de cada estudante, além de refletir sobre a escolha profissional e caminhos para que o público-alvo pudesse projetar seu futuro profissional. Escolhemos trabalhar sobre sonhos e profissões, porque o nosso público-alvo são adolescentes e adultos que possuem diversas idades, vivências e sonhos. Acredito que este fato, das diversas facetas que este território - a modalidade educacional EJA - possui, é o que deixou esta atividade tão significativa para todas do grupo, disse Gabriela.
Fanzine
O estudante Tai de Souza, de Teutônia, também do último semestre do curso de Pedagogia, atuou com a EJA. Espero que, no final de nosso projeto, os integrantes possam ter refletido sobre suas vivências e suas histórias de vida, entendendo que todas são válidas e importantes. Espero que possamos aprender em conjunto sobre respeito. Tenho certeza de que eles estão me ensinando muito mais do que eu e meu grupo a eles, diz o estudante.
O grupo está desenvolvendo uma revista fanzine com a comunidade na qual a intervenção é realizada. A ação está baseada no livro "Todas pessoas contam", de Kristin Roskifte, que aborda a valorização de cada indivíduo enquanto ser singular e sua importância para o coletivo.
Estamos propondo a construção de uma revista fanzine por meio de diferentes oficinas que visam à valorização das trajetórias individuais de cada um, suas histórias de vida e perspectivas sobre o mundo. Foram quatro dias de atividades, dos quais um já foi desenvolvido. Em cada um dos dias nossas propostas visam a refletir sobre um dos objetivos do projeto, detalha ele.
Durante as aulas tivemos um bom tempo para pensar em conjunto com os outros grupos. Compartilhamos nossas pesquisas e nossas propostas, recebendo dicas, elogios, sugestões de alterações. O processo foi bastante coletivo e todo o desenvolvimento do trabalho que aconteceu foi partilhado com os colegas de maneira oral em alguns momentos das aulas.
O que mais me surpreendeu foi o acolhimento das pessoas da escola. Com o projeto, o grupo pôde perceber o processo de alfabetização de adultos acontecendo. A aquisição da leitura em pessoas adultas é algo muito diferente do que já presenciei em sala de aula. Foi muito bonito ver a satisfação de um senhor ao perceber que estava conseguindo ler - foi algo emocionante para mim e minhas colegas de grupo, complementa Tai.