A Universidade do Vale do Taquari - Univates, por meio do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGAS), está liderando uma pesquisa inédita na região com rastreamento ocular de consumidores em compras em supermercado. O estudo é coordenado pelo professor doutor Marlon Dalmoro e conta com o envolvimento do pesquisador Wagner Junior Ladeira, da Unisinos, e com a parceria da Cooperativa Languiru.
A questão central que orienta a pesquisa é qual a quantidade necessária de produtos a ser colocada em um display de um supermercado. As pesquisas da área do Marketing raramente utilizam cenários reais de compra. Assim, estamos utilizando o supermercado como um laboratório de estudos para entender o comportamento do consumidor, destaca Dalmoro.
A prática mais comum na gestão é focar no display e não naquilo que o consumidor enxerga. Hoje temos tecnologia capaz de ler o processamento cognitivo visual, ou seja, o que de fato o consumidor está olhando, utilizando equipamentos de rastreamento ocular. A pesquisa em questão, então, está utilizando um desses equipamentos, que especificamente consiste num óculos com uma câmera acoplada e um conjunto de infravermelho capaz de identificar com precisão cada ponto que o consumidor fixa o olhar ao longo da sua jornada de compra.
A pesquisa está acontecendo no Supermercado Languiru do Shopping Lajeado, um ambiente de estudos apropriado, conforme as determinações que os pesquisadores estabeleceram para a realização da pesquisa. Os participantes do estudo são convidados a participar quando chegam no supermercado e fazem toda a sua jornada de compra no local utilizando o óculos.
Os dados coletados no supermercado permitem treinar, testar e validar o algoritmo para classificar os itens aos quais os consumidores direcionam a sua atenção num supermercado. Assim, a coleta de dados permite construir um algoritmo para dizer se o display tem quantidade de sortimento que facilita ou dificulta a decisão do consumidor e, consequentemente, é capaz de orientar a oferta de sortimentos mais adequados, diminuindo perdas, descreve Dalmoro.
A coleta de dados tem dois objetivos complementares, primeiramente é treinar um algoritmo capaz de identificar o sortimento adequado a partir da identificação automatizada dos produtos que os consumidores enxergam. O algoritmo que estamos desenvolvendo é muito similar àquele utilizado pelos carros autônomos e o seu funcionamento exige bastantes imagens para treiná-lo. Também vamos gerar publicações científicas a partir deste estudo, visto que se trata de uma tema de vanguarda e capaz de contribuir com a geração de conhecimentos na área do varejo. A Languiru é uma parceira nesse projeto. Sem essa parceria não seria possível executar uma pesquisa dessa envergadura, informa Dalmoro.
Rapidamente o projeto atingiu a marca de 100 participantes. Nossa meta é atingir 200 voluntários, o que gera um grande volume de dados para análise, visto que o equipamento registra cada ponto de fixação do olhar. Isso significa dizer que cada voluntário gera milhões de dados para as nossas análises.