A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Universidade do Vale do Taquari - Univates Alcineide Aguiar Pimenta é coautora do artigo “Mulher no mercado de trabalho: a evolução da mulher contabilista brasileira entre os anos de 2009 e 2019”, divulgado recentemente na Conjecturas, uma revista interdisciplinar que publica artigos de todas as áreas do conhecimento. O estudo constatou que a participação de mulheres nas Ciências Contábeis teve aumento de quase 50% no período analisado.
A pesquisa, que tem como autora principal Talita Souza Aguiar, da Universidade de Taubaté, foi elaborada por mestrandos e doutorandos de instituições de todo o País: Universidade do Vale do Taquari - Univates, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Faculdade Ieducare, Universidade de Caxias do Sul e Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
Segundo Talita, “a contabilidade por muito tempo foi uma profissão masculinizada. E atualmente isso deixou de existir. Com o desenvolvimento da pesquisa, são notórias essa evolução e a atuação da mulher contabilista além da profissão, desempenhando papel de liderança nos Conselhos Regionais de todo o Brasil”.
Talita e Alcineide, que são de universidades distintas, se conheceram a partir do trabalho e estenderam seus laços para o desenvolvimento dessa pesquisa, uma vez que Alcineide, em sua tese de doutorado, estuda a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em indústrias calçadistas, tendo encontrado no trabalho de Talita a oportunidade de contribuir e aprender mais sobre os ODS.
As pesquisas se relacionam na medida em que a busca pela igualdade de gênero encontra-se entre os 17 ODS da Organização das Nações Unidas, que têm prazo para implementação por todos os países até 2030.
“Como a pesquisa dela era nessa linha, então tínhamos uma abordagem em comum. Esse olhar para essa proposta que foi de equidade de gênero traz também uma contribuição para minha pesquisa, pois eu estou pesquisando a implementação dos ODS pelas indústrias calçadistas. A equidade de gênero se faz presente na minha pesquisa de maneira bem específica, pois esse é um ponto que as empresas precisam rever em suas políticas internas”, explica Alcineide.
Conhecendo a pesquisa
Sabe-se que a inclusão da mulher no mercado de trabalho foi influenciada pela Revolução Industrial, fortalecendo-se com a Segunda Guerra Mundial, quando homens foram convocados para a guerra. Com a necessidade de mão de obra, as indústrias acabaram inserindo as mulheres nas atividades.
A pesquisa realizada pelo grupo objetivou analisar a evolução da participação da mulher contabilista brasileira no mercado de trabalho da área, verificando a participação da mulher nos Conselhos Regionais de Contabilidade e o percentual de mulheres profissionais de contabilidade no Brasil.
Com o estudo, as pesquisadoras observaram que a participação da mulher na profissão contábil teve uma evolução quase dobrada nos últimos dez anos, não apenas como profissionais de contabilidade, mas também participando da liderança de Conselhos Regionais de Contabilidade, destacando-se que algumas regiões obtiveram maior participação e outras menores.
De acordo com dados do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS), a primeira mulher a obter o registro da profissão contábil no Brasil foi Eny Pimenta de Moraes, em 10 de junho de 1947, no Rio de Janeiro. No entanto, na década de 1950, o percentual de 1,3% representava a participação feminina na classe contábil, passando para 20% na década de 1980 e 31% no ano de 2000. O progresso da participação feminina foi estimulado a partir do projeto Mulher Contabilista, criado com o objetivo de aumentar a participação da mulher na profissão.
Conforme os dados disponibilizados pelo Conselho Federal de Contabilidade, as pesquisadoras constataram que no ano de 2019 havia 353.716 contadores com registro ativo no órgão. Destes, 162.476 eram mulheres. Em comparação com o ano de 2009, quando havia 219.036 profissionais de contabilidade, sendo 88.797 mulheres, o acréscimo feminino foi de aproximadamente 45%.
A região Sudeste está à frente em relação ao número de contadores, com 93.268 do sexo masculino e 79.387 do sexo feminino, seguida pela região Sul, com 35.598 contadores do sexo masculino e 30.503 do sexo feminino. Destaca-se a região Norte como aquela na qual a quantidade maior de mulheres é maior do que a de homens: 12.628 mulheres e 11.749 homens.
