Há 25 anos em cartaz, a montagem Violetas na janela, estará em Lajeado, no Teatro Univates, pela primeira vez, no dia 5 de novembro, a partir das 21h. O espetáculo é uma realização da Holmes Produções. A montagem, que aborda a vida após a morte, é uma adaptação do livro homônimo de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, feita pela atriz Ana Rosa, que também atua e dirige o espetáculo junto ao ator Guilherme Corrêa. Confira a entrevista que a atriz, uma das mais prolíficas da teledramaturgia brasileira, concedeu à equipe do Teatro Univates.
Teatro Univates: Ana, o que te motivou trabalhar com uma peça com temática tão especial?
Ana Rosa: Uma filha minha desencarnou às vésperas de completar 19 anos e eu ganhei de uma vizinha o livro Violetas na Janela. Outra filha na faculdade, o pessoal soube que ela tinha perdido a irmã e deu o Violetas na Janela. Isso foi em novembro de 1995. No grupo de amigo oculto no centro espírita que a gente frequentava, o meu marido ganhou de presente o livro Violetas na Janela. Então, por três vias, ele chegou às nossas mãos. Nos surgiu a ideia, então, de fazer alguma coisa no centro espírita que fosse baseada no livro, para auxiliar aqueles bazares que todos os centros promovem: levantar fundos para fazer a costurinha pras grávidas, para marmita para as famílias que são cadastradas, enfim, o atendimento que os centros espíritas fazem para as pessoas carentes. E todo ano cada centro faz isso mais de uma vez. Naquele fim de ano, o centro que a gente frequentava fez e nos convidaram, a mim e a meu marido, pra gente ficar à frente dessa produção. Eu contei para o presidente do centro o lance do livro Violetas na Janela e como ele tinha chegado às minhas mãos. Propus que em vez de fazer um espetáculo que não tinha nada a ver com essa doutrina, que a gente fizesse então essa, uma adaptação do livro. O presidente do centro pediu que eu e meu marido Guilherme, que ainda era vivo na época, ficassem responsáveis pela adaptação. Nós ficamos com essa parte executiva do projeto e em princípio seria uma apresentação dentro do próprio centro, para os próprios associados. Eu convidei um músico que dava aula de piano para as minhas filhas, inclusive para Ana Luiza, que desencarnou, pra fazer um fundo musical, assim, só para acompanhar a leitura. Convidei atores profissionais para fazer essa leitura. E todo mundo ao fim da leitura estava emocionado, com lágrimas nos olhos. O diretor do centro que tinha pedido o projeto me disse que ficou tão entusiasmado, achou que estava tão bom que aquilo não podia ficar só na mente. De um evento dentro do centro ele queria transformar aquilo em um espetáculo profissional. Assim foi feito. Nós estreamos no teatro à noite. Em uma temporada em horário alternativo para ficar três meses só, um dia da semana, às 17h. Nós terminamos. A dona do teatro nos avisou, tinha cambista na porta, ingresso comprado com antecedência e nós terminamos fazendo nove meses com casas lotadas no teatro. Então eu e o Guilherme compramos a produção, e de lá para cá apresentamos a peça no Brasil todo.
Teatro Univates: O que você aprendeu com o espiritismo?
Ana: Com o espiritismo eu aprendi muitas coisas. A primeira: eu fui criada dentro na religião católica, mas eu não era frequentadora assídua, até porque eu viajava com circo e com o teatro e justamente nos dias de missa, que são os domingos, a gente tinha duas sessões matinais. Eu ia às missas noturnas durante a semana, cheguei a ser filha de Maria Eu fui criada na religião católica, li a Bíblia inteirinha, de cabo a rabo, mas tinha algumas questões que se colocavam para mim, não tinha uma resposta muito clara. Era mistério, né? Isso aqui é mistério. Quando eu comecei a frequentar o espiritismo, isso foi muito antes de 1995 Quando a minha filha desencarnou eu já frequentava espiritismo e já era estudiosa, era frequentadora desde 1976, ainda quando eu morava em São Paulo. Então quando a minha filha desencarnou, felizmente eu já tinha todo esse conhecimento da doutrina. O espiritismo também ensinou exatamente isso: que a reencarnação, sim, é respeitar a lei de causa e efeito Que você não pode plantar cenoura e querer colher banana, sua responsabilidade enquanto você está aqui encarnada que depende de você. Uma frase do Chico diz: Você não pode voltar atrás e fazer um novo passado, mas você pode começar agora e fazer um novo futuro.
Teatro Univates: Conte um fato curioso ou inédito que ocorreu ao longo deste tempo em que vocês com a peça em cartaz.
Ana: Nos disseram que em determinado momento do espetáculo, pessoas com mediunidade viam no palco, além de nós, os atores, uma fila de cadeiras com desencarnados sentados lá, assistindo o espetáculo e dizendo que esses espíritos eram designados para assistir a peça para aprenderem alguma coisa, porque é muito mais fácil você aprender vendo uma coisa ensinada do que você falando. Uma vez foi em Brasília, outra foi no Rio de Janeiro, outra lá em Salvador. A pessoa tem que ler e tal. Fatos assim são muito marcantes pra nós todos do elenco.
Teatro Univates: O que Lajeado e região podem esperar deste espetáculo?
Ana: Um espetáculo lindo e inspirador. Gosto de deixar claro que não é nossa intenção fazer a cabeça de ninguém. A peça é baseada numa obra espírita, mas as pessoas não precisam ser espíritas para gostar do espetáculo. Eu gosto de citar os filmes Ghost e Sexto Sentido , filmes maravilhosos, e nenhum desses filmes foi anunciado assim: um filme espírita. Mas eles trazem essencialmente aspectos da vida dos espíritos e da vida após a morte. Então eu não gosto quando nas nossas divulgações as pessoas anunciam como peça espírita. Isso limita, parece que realmente é só para quem é espírita - e não é verdade. É um espetáculo com 14 atores no palco, atores profissionais, uma música lindíssima, uma iluminação lindíssima, o público assiste e gosta. Quem acredita só vai reafirmar o que já aprendeu ou sabe, quem não acredita ou tem curiosidade vai achar muito interessante. Não tem que ter preconceito, quem for ver vai perceber que a peça é basicamente os ensinamentos de Jesus. Espero que todos gostem desse espetáculo.
Ingressos
Os ingressos para o evento já estão disponíveis. Variam de R$ 35,00 a R$ 100,00 e podem ser adquiridos pelo site da Blueticket, nas modalidades de ingresso inteiro e meia-entrada. Para esse espetáculo há um ponto de venda presencial, na Biblioteca Univates, novo ponto de venda de ingressos do Teatro Univates.
O horário de atendimento da Biblioteca é de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h30min, sem fechar ao meio-dia. As formas de pagamento aceitas na compra na Univates são cartão de débito ou crédito e Pix. Em caso de dúvidas sobre a apresentação, contate o Teatro Univates pelo telefone (51) 3714-7000, ramal 5949, ou pelo e-mail bilheteria@univates.br.