A Fundação Univates recentemente contratou o especialista em gerenciamento de construção Mohammad Homayoon Zahiri (38), que, com sua família, está em Lajeado após ter deixado o Afeganistão, onde o grupo Talibã assumiu o controle do governo. A Instituição, atenta às demandas locais, entendeu a necessidade de auxiliar as famílias que buscaram exílio em Lajeado e já realizou algumas medidas, entre elas a contratação de Zahiri.
Estima-se que mais de 2,6 milhões de refugiados tenham saído do país, no Oriente Médio, e estejam buscando segurança em outros países ‒ como o Brasil. Zahiri saiu de Cabul, a capital do Afeganistão, há cerca de seis meses, com a esposa e os dois filhos, de 6 e 7 anos. As famílias que estão no Vale do Taquari precisam de empregos. Elas estão legalizadas no País e o trabalho é a chance de permanecerem por aqui.
A história de Zahiri sensibilizou a equipe da Univates, que, de acordo com as qualificações prévias novo funcionário ‒ ele é bacharel em Engenharia Civil ‒, o contratou para atuar no Laboratório de Tecnologias de Construção (Latec). Ele trabalha como assistente de laboratório. No local, se comunica com os colegas em inglês e, aos poucos, aprende o português.
É a minha área de trabalho e espero que, em breve, possa estabelecer metas de carreira na Univates. Quero me desenvolver mais e criar mais oportunidades neste Estado. Eu gosto desta região e quero ficar por aqui ‒ o que também depende de objetivos futuros, revela Zahiri.
Eu fiquei sabendo da Grande do Sul, e especificamente de Lajeado, pela mídia e também perguntando às pessoas do meu país que vieram para cá. Gostei daqui e percebi que é um local que tem muitas oportunidades para minha família, diz.
No semestre passado, quando as famílias chegaram, a partir de março, a Fundação Univates e as associações de docentes (Adof) e de funcionários (Affes) se mobilizaram para coletar doações, que foram entregues à família de Zahiri e a outras famílias que chegaram a Lajeado. O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Lajeado também auxiliou os refugiados.
O gerente de Engenharia e Manutenção da Univates, Robledo Goulart Müller, explica que houve uma preocupação inicial com o idioma, que logo foi superada. Consideramos que seria uma experiência para nós, havendo inclusive o estímulo à comunicação em inglês a partir da interação com o novo funcionário.
Müller explica que houve um olhar da Instituição para o acolhimento do funcionário e também de sua família. Desde o começo pensamos que essa oportunidade de Zahiri trabalhar no Latec deveria estar vinculada à sua atuação profissional, abrangendo sua formação de engenheiro civil no Afeganistão. Conversamos com o funcionário para avaliar se ele poderia contribuir conosco e o Latec com ele a partir das necessidades e capacidades técnicas.
O Latec tem orientação voltada para a pesquisa e Zahiri já se aproximava do mestrado no Afeganistão. Queríamos que ele pudesse se reconhecer profissionalmente atuando conosco. Ele vai agregar uma visão de mundo ao nosso trabalho e à qualidade daquilo que entregamos aos nossos clientes. Aqui olhamos para o regional, e a aproximação com o que se faz em outros locais é muito importante para o Latec, destaca Müller.