A Universidade do Vale do Taquari - Univates desenvolve um projeto de extensão que busca promover atenção e cuidado a mulheres privadas de liberdade. Há cinco anos, bolsistas e voluntárias do projeto de extensão Marias: Corpo e Linguagem na Instituição Prisional realizam, periodicamente, ações com as mulheres privadas de liberdade do Presídio Feminino de Lajeado, com o objetivo de humanizar e qualificar as relações e a convivência nesse espaço.
Conforme a coordenadora do projeto, professora doutora Silvane Fensterseifer Isse, há cerca de 35 mulheres participantes, mais seis voluntárias e uma bolsista em cada ação do projeto. O apoio da Vara de Execuções Criminais, da Delegacia Regional da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), da direção do presídio e do Conselho da Comunidade tem sido fundamental para o desenvolvimento do projeto. As ações acontecem uma vez por semana, nas sextas-feiras, no horário do pátio das participantes do projeto.
Em relação às ações que derivam do projeto, apresentamos o Marias em eventos e procuramos trabalhar com ações que visam a disseminar uma mudança de cultura na forma como a sociedade olha para as pessoas privadas de liberdade. Acreditamos que, por meio do projeto, podemos estimular que se olhe de uma maneira mais generosa para as pessoas que estão no presídio, detalha a coordenadora.
O público-alvo das ações amplia o projeto para além do Vale do Taquari, já que o presídio recebe mulheres de várias cidades, até mesmo de fora do Rio Grande do Sul. As ações semanais envolvem as linguagens corporal e artística, por meio de práticas diversificadas: corporais, como danças, alongamentos, ginástica e jogos; e artísticas, como poesia, fotografia, música e teatro.
Temos percebido que nossas ações impactam positivamente também a relação entre as mulheres privadas de liberdade e a comunicação entre elas. Esse tempo conosco é o tempo em que elas estão mais integradas. É um processo de humanização, de despertar para o respeito, para a empatia com suas histórias. Isso tem produzido um efeito muito potente, destaca Silvane.
Ao mesmo tempo que esses são resultados que, enquanto projeto, desejamos, são mudanças que já conseguimos perceber. Nas atividades de avaliação dos impactos que realizamos com as mulheres, elas nos reportam que recebem afeto e cuidado dos voluntários do projeto, que o fato de que pessoas de fora do sistema prisional estejam lá dentro do presídio traz ânimo e esperança para elas. Sexta-feira é um dia diferente, é um dia de alegria, revela a coordenadora.
Conforme Silvane, o trabalho do Marias e de outros projetos que atuam no presídio é realizado para estimular que as mulheres se vejam de outra forma, percebam as suas potencialidades e desenvolvam possibilidades de mudança quando estiverem em liberdade. Projetos como o Marias contribuem para a segurança pública.
Reinserção
Ao longo do tempo, o projeto ganhou outra dimensão à medida que suas atividades foram sendo expandidas para além dos muros da casa prisional. Isso porque o projeto de extensão também tem sido importante para a ressocialização e reinserção daquelas mulheres na sociedade. De acordo com a coordenadora do projeto, tem sido muito comum, à medida que as mulheres saem do presídio, que elas procurem a equipe do projeto por meio das redes sociais para contarem como andam suas vidas, como está a família, quais são as dificuldades que estão enfrentando, entre outras questões.
O projeto Marias
O projeto Marias é desenvolvido no Presídio Estadual Feminino de Lajeado. Busca promover oportunidades de formação aos acadêmicos, diplomados e outros interessados em conhecer o meio social e cultural do cárcere feminino, exercitar a escuta, o acolhimento, a comunicação, o diálogo e a empatia, a partir do conhecimento e compartilhamento das diferentes histórias de vida, e contribuir para a sensibilização, socialização e humanização da permanência das mulheres participantes do projeto. Mais informações podem ser obtidas com a equipe do projeto, pelo e-mail projetomarias@univates.br.