O Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Exatas (PPGECE) da Universidade do Vale do Taquari - Univates, que oferta o curso de mestrado profissional em Ensino de Ciências Exatas, já gerou mais de 200 produtos educacionais (PE) ao longo de suas atividades. Os PEs são textos complementares às dissertações apresentadas pelos mestrandos para a obtenção do título de mestre e, em geral, descrevem criações que os mestrandos tenham realizado e aplicado com seus públicos-alvo durante a realização das pesquisas para a obtenção da titulação acadêmica.
Os produtos educacionais representam contribuição dos discentes de mestrado da Univates, considerando que representam processos concebidos e implementados pelos estudantes, em geral professores em diferentes níveis de ensino, em suas realidades de exercício do magistério. Esses produtos, além de se constituírem em elementos que viabilizam a pesquisa na formação docente, são caracterizados como ferramentas pedagógicas, elaboradas pelos profissionais em formação que comportam conhecimentos organizados objetivando viabilizar sua prática pedagógica.
Recentemente, um grupo de pesquisadores da Univates se dedicou a olhar para esse material gerado no PPGECE resultando em um estudo que foi publicado na Revista de Ensino de Ciências e Matemática. Assinam a pesquisa o bolsista Jonathan Giovanella Laste e os professores Eniz Conceição Oliveira e José Claudio Del Pino. A averiguação do significado do conteúdo dos materiais foi possível por meio da análise de conteúdo. Os resultados da pesquisa trazem importantes contribuições para fomentar discussões sobre a formação dos professores no contexto dos mestrados profissionais. O estudo mostra que, no Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas, no período 2008 a 2019, foram gerados 211 textos que constituem os produtos educacionais.
Resultados
Para o período consultado (2008 até 2019), foram gerados 211 textos que constituem os produtos educacionais do programa. Há uma produção diversificada em cada ano de curso - mínimo de oito produções em 2010 e um máximo de 32 produções em 2015 -, perfazendo uma média de 17 produções por ano ao longo dos 12 anos avaliados pelos pesquisadores.
Em função da área educacional em que atuam, a análise dos textos dos produtos educacionais possibilitou a identificação de três ênfases de caracterização dos lugares onde ocorreram as ações que os originaram. São identificadas nessa conjuntura o nível superior, o nível básico e os cursos ou oficinas de ensino.
No nível básico se ampliam as possibilidades de realização das atividades com vistas à proposição do produto educacional. Na vertente da Educação Básica do Brasil, a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, se situam 60% dos materiais produzidos pelos mestrandos do PPGECE. Para integralizar a totalidade dos produtos em análise, ponderou-se que os seus autores consideram outras categorias, que se evidenciam constituintes do nível básico de ensino, como cursos técnicos e cursos na modalidade EJA.
O estudo do conteúdo dos produtos educacionais mostra uma riqueza de conhecimento relacionado à realidade de trabalho do professor pós-graduando, e o quanto é relevante sua oportunidade de usufruir e de vivenciar essa experiência formativa profissional. A investigação proporciona adquirir conhecimento teórico ou prático de temas que lhe ajudarão nas suas atividades de sala de aula.
Há uma diversidade de informações que se associam aos níveis de ensino em que os PE foram elaborados, mostrando que a maioria é proposta no nível básico de ensino; são variados os procedimentos metodológicos utilizados pelos professores nas suas propostas de pesquisa realizadas para obtenção das informações que constituíram os PE; os objetivos são fundamentais para aclarar a finalidade pela qual se está realizando o estudo no PE.
Um dos pesquisadores que analisou a produção dos PEs, o bolsista Laste, explica que “estar envolvido em pesquisa científica é uma das melhores experiências que um acadêmico pode ter. Estimula habilidades de investigação, análise, cooperação e comprometimento com o grupo de pesquisa e, claro, traz toda uma perspectiva do que é fazer ciência, algo difícil de alcançar somente na graduação”, detalha o jovem.
“Também acho que, num momento em que a desinformação é tão generalizada - que a ciência é contestada, professores e cientistas são desacreditados -, ampliar sua divulgação e reconhecer a contribuição científica para o mundo é um lembrete importante para todas as gerações”, destaca.
O PPGECE iniciou suas atividades em 2007, estando em 2022 com sua 16ª turma em andamento. O seu corpo docente é constituído por 15 professores permanentes e uma colaboradora.
