A partir de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o mundo estava vivendo a pandemia de covid-19, medidas contra a doença foram projetadas para controlar a transmissão, sendo uma delas a busca por uma vacina que se apresentava como a esperança de a comunidade mundial vencer a pandemia.
Ao fim do ano de 2020, as propostas de imunizantes já estavam circulando e, no Brasil, efetivamente, a vacinação iniciou em janeiro de 2021. Um estudo realizado por uma estudante do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Vale do Taquari - Univates buscou relacionar os índices de internações e óbitos por Síndrome Respiratória Grave (SRAG) ocasionada pelo vírus SARS-CoV-2 na população residente em Lajeado com a vacinação contra a covid-19.
Os dados de internações e óbitos foram analisados a partir da população total residente em Lajeado, e também foram analisados no estudo os dados de letalidade referentes ao número de óbitos sobre internações. Conforme a acadêmica Sinara Ribeiro da Silva, autora da pesquisa, orientada pela professora Cátia Viviane Gonçalves, os resultados demonstram influência positiva da vacinação na redução dos indicadores, nos quais as taxas demonstraram que pessoas não imunizadas têm uma tendência maior à hospitalização e óbito, o que é um indicativo da importância da vacinação.
O período de análise foi de março de 2020 a setembro de 2021. As análises foram realizadas correlacionando o período que antecede a vacinação com o período posterior ao início da vacinação. Avaliando os dois períodos com análises estatísticas por meio de software, os resultados referentes às taxas de internações e letalidade apresentaram significância estatística, demonstrando que houve redução nesses indicadores a partir da introdução da imunização. Verifica-se que há influência preliminar positiva das vacinas sobre os índices avaliados, porém ainda não é aconselhável maior flexibilização nas demais medidas preventivas de proteção contra a covid-19, destaca a estudante.
No período após o início da vacinação, o percentual de internações e óbitos demonstrou que as maiores taxas são entre a população não imunizada, que possuem um percentual de 87% das internações e de 80% dos óbitos, quando comparado às taxas da população que estava imunizada com uma dose ou com esquema vacinal completo.
As taxas de internações e letalidade variaram ao longo do período, no qual o número de internados entre não imunizados foi estatisticamente maior do que o número de internação de indivíduos totalmente imunizados e parcialmente imunizados. Na avaliação da influência da vacinação, a taxa de letalidade demonstrou influência significativa, reforçando que quanto maior o percentual de totalmente imunizados, menor a taxa de letalidade, ou seja, quanto maior a taxa de pacientes totalmente imunizados, menor a taxa de óbitos na população internada com SRAG.
O estudo oferece um panorama sobre a influência da vacinação contra a covid-19 no número de internações e óbitos em Lajeado, mas os dados não devem ser interpretados como resultados definitivos, uma vez que a análise incluiu apenas adultos hospitalizados e não incluiu o total da população com infecção por SARS-CoV-2 que não necessitou de hospitalização. Como sugestão da banca avaliadora ao trabalho de Sinara, está o seguimento das pesquisas conforme a vacinação for avançando. Sendo assim, o estudo será ampliado e novas análises serão realizadas até o mês de janeiro de 2022, avaliando as internações e óbitos após um ano do início da imunização na cidade de Lajeado.
O estudo teve como fonte de dados o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) acerca de SRAG relacionados ao SARS-CoV-2, o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e o Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saúde (SIGSS) para obtenção de dados específicos sobre a vacinação contra a covid-19 no município de Lajeado.