A estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pampa Joseane Salau Ferraz é orientada em seus estudos acadêmicos pelo professor doutor Felipe Pinheiro, coordenador do Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), e pela professora doutora Joseline Manfroi, titulada pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Universidade do Vale do Taquari - Univates.
A professora Joseline integra a equipe de pesquisadores do Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas da Univates, coordenado pelo professor doutor André Jasper, pesquisador do PPGAD e colaborador das pesquisas em que Joseane está desenvolvendo estudos paleobotânicos. A mestranda está realizando investigações com plantas fósseis do estado do Rio Grande do Sul que datam do período Permiano, (aproximadamente 260 milhões de anos atrás). A rede de colaboração e parcerias científicas estabelecida entre os pesquisadores está permitindo que a mestranda da Unipampa utilize a estrutura da Univates para desenvolver seus estudos, previstos para serem apresentados em 2022.
Lucas George Wendt
Realização de análises paleontológicas no Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas
“Analisar fósseis não é uma tarefa fácil. Para análises mais refinadas, exige-se a utilização de equipamentos sofisticados, que permitem a visualização detalhada de estruturas anatômicas muito pequenas", explica Joseane. O Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas da Univates possibilita à pesquisadora o acesso a equipamentos como, por exemplo, o estereomicroscópio, que auxilia na análise das estruturas fósseis.
Com o auxílio da estudante de Ciências Biológicas da Univates Ândrea Pozzebon, nos últimos dias foram analisados cerca de 30 espécimes de plantas fósseis, que foram coletados no afloramento Cerro Chato, localizado no município de Dom Pedrito, em colaboração com o proprietário da área, Celestino Goulart, e com a Prefeitura Municipal de Dom Pedrito. Os fósseis analisados até o momento apresentaram estruturas correspondentes a licófitas, esfenófitas e pteridófitas.
Além disso, outro equipamento da Instituição que auxilia na análise dos fósseis é o Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). O MEV é capaz de produzir imagens de alta resolução da superfície de uma amostra e possibilita a análise detalhada da anatomia celular do material observado, neste caso os fósseis de plantas.
“Os materiais que venho estudando foram coletados no município de Dom Pedrito, e eles nos revelam como eram as plantas no passado, as condições ambientais e climáticas há mais de 260 milhões de anos”, revela Joseane. Além de descrever espécies de plantas do passado, o trabalho da mestranda irá preencher importantes lacunas a respeito da distribuição paleobiogeográfica desses grupos ao redor do mundo, uma vez que os grupos de vegetais fósseis encontrados na região de Dom Pedrito também ocorrem em diferentes partes do planeta. “Unindo essas informações, podemos compreender a biologia e a dinâmica evolutiva desses grupos de plantas”, descreve a mestranda.
“Os estudos desenvolvidos por Joseane têm grande relevância para composição das pesquisas que fazem parte de um macroprojeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), que é coordenado pelo professor Felipe Pinheiro. Este macroprojeto visa compreender as modificações ambientais atestadas pelos fósseis para o período Permiano, que representa um importante momento de estresse ambiental na história da Terra e que culminou na extinção de grande parte da biota”, comenta Joseline.
“Na paleontologia, a paleobotânica é uma das áreas do conhecimento em que ainda há muito a se explorar. As plantas fósseis recuperadas na região de Dom Pedrito são únicas em seu estado de preservação e se mostram promissoras para resgatarmos informações significativas sobre as mudanças que ocorreram ao longo do tempo geológico. A parceria estabelecida entre as instituições e os pesquisadores da Unipampa e da Univates nos permitirá realizar investigações aprofundadas sobre esses fósseis, além de proporcionar crescimento científico e pessoal com a troca de saberes entre os pesquisadores”, afirma Joseane.
