O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Taquari - Univates, por meio do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Emau), realiza atividades de cunho social, que têm como objetivo o desenvolvimento regional, em caráter extensionista, realizando interfaces entre o ensino e pesquisa. Neste sentido, há mais de 10 anos o curso é parceiro do Município de Ilópolis, pioneiro na região do Vale do Taquari em relação à preservação cultural, com iniciativas como o Caminho dos Moinhos.
Estudo sobre o Lago Verde
Entre 2018 e 2019, o Emau realizou um convênio em conjunto com a Associação dos Amigos dos Moinhos do Vale do Taquari (AAMoinhos) e o Poder Público de Ilópolis, que estabeleceu um levantamento histórico e arquitetônico de dois casarões da cidade, a Casa Rosada e a Casa Vermelha, remanescentes da colonização italiana e que, junto a outros edifícios localizados na rua Conselheiro José Bozetto, compõem o que se conhece como Rua Antiga de Ilópolis.
A proposta do convênio previu, também, estender o estudo até um ponto ao fim desse trajeto: o Lago Verde, cujo resultado foi apresentado por meio de videoconferência no início de abril ao prefeito Edmar Rovadoschi e aos membros da diretoria da AAMoinhos.
O objetivo do estudo realizado pelo Emau, que contemplou também entrevista com a comunidade local, buscou compreender a importância da preservação do patrimônio e o reconhecimento do Lago Verde em sua paisagem cultural, além de reunir subsídios teóricos sobre conceitos de preservação, atributos legais e dados históricos do local, unindo ao levantamento dois outros estudos - um topográfico e outro ambiental - sobre a rota das águas no município, desenvolvidos por meio de convênio com a AAMoinhos.
Apresentação dos resultados
O material levantado pela Univates servirá de base para conceituar futuros projetos e planejamento de ações que o município tenha como meta. Além disso, após a apresentação realizada ao prefeito, já foi estabelecida a continuidade do convênio com o Ilópolis para novas atividades junto às disciplinas do curso que promovem a curricularização da extensão e a prática acadêmica, considerando demandas regionais emergentes para a aprendizagem dos estudantes.
Segundo a coordenadora do Emau, professora Jamile Weizenmann, a apresentação que conclui a pesquisa de mais de um ano representa um grande momento para o curso, além de um contributo importante para o Ilópolis e para a comunidade local. "Ilópolis sempre foi um exemplo de incentivo à preservação e fazer parte continuamente dessas ações nos permite inúmeras trocas e aprendizagens", afirma a docente.
Para a presidente da AAMoinhos, Sediane Dall'Agnol Roman, a humanização dos espaços públicos tem tido um destaque muito grande nas intervenções urbanísticas, objetivando o aumento da qualidade de vida, tanto nos grandes centros como nas pequenas e médias aglomerações urbanas. Mas é nas pequenas cidades que vemos uma facilidade muito maior, tanto nos projetos, como na implantação destas ações públicas, que visam aliar o desenvolvimento com a preservação. Mais importante ainda é envolver a comunidade nas discussões, juntamente com o poder público, as entidades e os especialistas, defende ela.
"A parceria com a AAMoinhos e a Univates é bastante valiosa, afirma o prefeito de Ilópolis, Edmar Rovadoschi, tanto no sentido de trazer mais subsídios para futuras ações que envolvam a preservação da nossa paisagem e dos nossos casarões centenários, movimentando o turismo da nossa região, quanto por possibilitar que universidade e estudantes tragam um olhar de inovação para o desenvolvimento dos pequenos municípios", observa ele.
Importância do Lago Verde para a comunidade local
O Lago Verde de Ilópolis é um lago artificial localizado a cerca de um quilômetro do perímetro urbano. Pequenos córregos distribuídos pela extensão territorial do município formam essa barragem, a qual foi construída por volta de 1940 com o intuito de abastecer uma usina hidrelétrica criada no município. Incorporado ao dia-a-dia da comunidade, o lago também representa local de lazer, contemplação e prática de esportes para a população, como a caminhada ou mesmo a prática de canoagem, uma vez que nele eram sediados tais eventos esportivos, tendo Ilópolis, inclusive, conquistado uma vitória panamericana na modalidade.
Depoimentos da entrevista feita na pesquisa:
Preservar tradições, história, identidade, a arte do pão, moinhos coloniais, a cultura da imigração italiana no Alto do Vale do Taquari. A arquitetura tem o papel importante para a renovação cultural, protagonizando o reencontro da comunidade local com sua história, agora em viva às bases de sonhos e utopia. Padeira individual, Anta Gorda/RS, 2021.
Entendo que o espaço natural necessite de mínima intervenção, uma vez que o que se busca é a integração com a natureza. Mas certamente o lago, pela sua proximidade urbana, ganharia em uso comunitário e até mesmo em senso de preservação e educação ambiental se agregasse pista de caminhada em seu entorno, pequenos espaços com churrasqueiras/mesas, trapiches, espaços para prática de algum esporte aquático como canoagem, stand up paddle ou mesmo pedalinhos. Comunicóloga, Ilópolis/RS, 2021.
Organização do estudo
Universidade do Vale do Taquari - Univates
Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo Univates | EMAU
Coordenação Jamile Maria da Silva Weizenmann e Jauri dos Santos Sá
Colaborador(as) de conteúdo: Andressa Carnevalli, Bruna Zanoni Ruthner, Elisete Maria de Freitas, Jamile Maria da Silva Weizenmann, Jauri dos Santos Sá, Júlia Lavall, Laísa dos Santos, Laura Costa, Letícia Chini Buffon, Luíze França da Rocha
Apoio
Projeto de Extensão Patrimônio Vivo/Univates
Projeto de Pesquisa Para Além dos Muros/Univates
Associação dos Amigos dos Moinhos do Vale do Taquari | AAMoinhos
Prefeitura Municipal de Ilópolis/RS