Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Vale do Taquari - Univates publicou, recentemente, um estudo na Journal Health NPEPS, revista científica do grupo de pesquisa do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Planejamento, Organização e Práticas em Saúde (NPEPS) da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Os professores Paula Michele Lohmann, Noeli Juarez Ferla e Guilherme Liberato da Silva assinam o artigo Perfil de doenças alérgicas em ambulatório de especialidades médicas, cuja pesquisa foi conduzida no Laboratório de Acarologia da Univates.
O objetivo do estudo foi descrever o perfil das doenças alérgicas de usuários atendidos em um ambulatório de especialidades médicas. Para isso, foi desenvolvida uma pesquisa com abordagem quanti-qualitativa.
O método
A professora Paula explica que os pacientes do ambulatório de especialidades médicas foram selecionados por meio do banco de dados da Instituição, no qual constavam os usuários das especialidades incluídas no estudo alergologia e imunologia, dermatologia e pneumologia. Inicialmente tínhamos 96 pacientes de alergia e imunologia, 556 de dermatologia e 682 de pneumologia, esclarece.
A amostra foi composta por 149 pacientes das três especialidades. Considerando os usuários que aceitaram participar da pesquisa, a amostra teve 50 pessoas envolvidas. A partir de visita domiciliar foi realizada a coleta de poeira doméstica em objetos da sala, como cortina, piso, sofá e tapete, e do quarto, como cama, cortina e piso, com o auxílio de um aspirador de pó portátil, diz a pesquisadora. A aspiração da poeira foi realizada por um tempo-limite de dois minutos e cobrindo uma área de aproximadamente 4 m2.
Para cada residência foi utilizado um filtro de papel, colocado antes da bolsa coletora do aspirador. O material coletado foi recolhido e armazenado em potes identificados e levado ao Laboratório de Acarologia da Univates, onde foi armazenado em geladeira a 5°C por um período de até cinco dias. A identificação dos ácaros foi realizada com o uso de microscópio óptico com contraste de fases e a utilização de chaves dicotômicas, revela Paula.
Resultados
Estudos já demonstraram que os ácaros da poeira domiciliar eram responsáveis por causar doenças alérgicas por meio da inalação, o que nos faz entender os motivos pelos quais esses ácaros são reconhecidos como causa comum de doenças alérgicas no mundo, comenta a professora. A identificação do alérgeno proposta pelo estudo dos pesquisadores da Univates pode contribuir para a determinação do tratamento do paciente, uma vez que a maior parte dos tratamentos se concentra na resolução dos sintomas, não adotando medidas de controle dos ácaros nos ambientes. Por meio da identificação do ácaro é possível orientar o paciente e sugerir a adoção de medidas preventivas específicas relacionadas aos cuidados com o ambiente que possam beneficiá-lo, concluem os pesquisadores.
Quanto à exposição ao alérgeno ambiental, as residências apresentaram ácaros de importância médica, em especial três espécies com diferentes prevalências: Dermatophagoides farinae (58%), Dermatophagoides pteronyssinus (26%) e Blomia tropicalis (16%). Os dados da pesquisa revelam maior incidência de doenças alérgicas em mulheres, sendo as principais a rinite, a asma e a bronquite.
Ainda em curso, os primeiros dados do estudo publicados pelos docentes compilam informações preliminares. Ainda vamos analisar as imunoglobulinas específicas (IgE) para os ácaros identificados em cada casa, finaliza Paula. A partir dos dados, os pesquisadores pretendem analisar em novos estudos a sensibilidade dos pacientes aos ácaros de poeira domiciliar.
Medidas para controle de acarídeos em ambientes domésticos
Algumas medidas de controle dos ácaros em ambientes incluem a utilização de travesseiros e colchões com coberturas à prova de ácaro, a redução para menos de 45% no grau de umidade no ambiente doméstico e a lavagem da roupa de cama semanalmente com água quente (> 54,4°C), além da remoção de carpetes como medida de controle adicional da exposição aos ácaros da poeira.